Governo Bolsonaro em rota de colisão com a diplomacia ambiental

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Rubens Barbosa, ex-embaixador nos EUA, diz, logo no começo de seu artigo no Estadão, que “o debate atual sobre as queimadas, o desmatamento e o garimpo ilegais ganhou repercussão internacional e transformou-se na mais grave crise externa brasileira desde os anos 70 e 80”.

Rubens explica que a mudança do clima permeia os vários fóruns internacionais, as reuniões do G7, a Organização Mundial do Comércio e o Vaticano: “Não há como confrontar a tendência global de definir políticas de preservação do meio ambiente e de mudança do clima. Esse tema passará a interferir cada vez mais na estratégia de negócios.” E os recados dados pelo governo vão no sentido contrário – de uma falsa assunção de soberania, de um isolamento cada vez maior do mundo, por enquanto, ainda globalizado.

José Casado, n’O Globo, também segue esta trilha, mas coloca números interessantes e aponta que os EUA deverão usar o meio ambiente e sua governança como condicionante no comércio internacional. Ele cita que 24% da bancada democrata no Congresso pediu para o governo a suspensão das negociações bilaterais com o país por quererem “compromisso claro e progresso demonstrável na proteção da Amazônia.”

José Casado dá nomes e números às corporações em risco: “Começam a ficar expostos os acionistas de negócios lucrativos com as commodities brasileiras num fluxo de US$ 270 bilhões anuais.” São 6 bancos, JPMorgan Chase, BNP Paribas, Barclays, Bank of America, Citigroup e Deutsche, bancando quase todo o crédito das quatro grandes tradings ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus. E dois outros bancos, Santander e HSBC, garantindo metade das vendas dos principais frigoríficos, Marfrig, Minerva e JBS.

 

ClimaInfo, 11 de setembro de 2019.

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