Estudo revela ligação entre produção de carne e desmatamento da Amazônia

carne

A demanda nacional e mundial pela carne produzida no Brasil levou ao desmatamento de até 5.800 km² por ano, entre 2015 e 2017, na Amazônia. A área anual desmatada a cada ano no período por conta da produção de carne é equivalente a quase 4 cidades de São Paulo. Entre 13% a 14% disso foi ligado às exportações para locais como Hong Kong, China e Rússia. É o que mostra uma análise do risco de desmatamento provocado pela exportação de carne conduzida com base no mapeamento da cadeia de suprimento.

O trabalho – feito pela plataforma Trase, um projeto dos institutos de pesquisa Global Canopy e Stockholm Environment – considera o caminho desde que o animal é criado até o alimento chegar ao consumidor final. O trabalho rastreou a carne desde os cerca de 3 mil municípios onde o gado é criado no Brasil, por onde as pastagens estão se expandindo, passando pelas mais de 200 empresas que exportam carne, gado vivo e miúdos (como fígado) até as cerca de 3 mil companhias que importam esses produtos em 150 países.

“Fazendo o link entre onde o gado é criado com onde é comprado, identificamos entre 650 km² e 750 km² de risco de desmatamento por ano. Isso somente para a exportação, não para o mercado doméstico”, disse Erasmus zu Ermgassen, pesquisador da Trase e da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, à Giovana Girardi, do Estadão. Erasmus continuou: “O Brasil exporta cerca de 19% a 20% de sua carne, e descobrimos que isso está ligado a cerca de 13% a 14% de todo o desmatamento relacionado à produção de gado. A maior parte é ligada ao consumo local. O mercado doméstico compra cerca de 80% da carne produzida no país e está ligado a algo entre 85% e 86% do desmatamento associado à produção de gado.”

O briefing da Trase pode ser baixado aqui. Mais informações, inclusive entrevistas, podem ser encontradas aqui. Os dados da Trase relativos à carne bovina e à soja e muito mais podem ser baixados aqui.

 

ClimaInfo, 18 de setembro de 2019.

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