Mato Grosso: incêndios e garimpos destroem o meio ambiente

Mato Grosso

O número de focos de incêndio no Mato Grosso, mais de 25.500 até a semana passada, já superou em 40% o total ocorrido em todo o ano passado. 57% deles aconteceram no bioma amazônico, 40% no Cerrado e 4% no Pantanal. 70% dos focos surgiram entre 15 de julho e 18 de setembro. A notícia é do ICV.

A intenção do governo de abrir novas áreas para o garimpo tem o potencial de provocar danos sérios ao meio ambiente. Fabiano Maisonnave e Lalo de Almeida, na Folha, foram até a região de Peixoto de Azevedo, quase na fronteira do Mato Grosso com o Pará, onde houve uma verdadeira febre do ouro. Encontraram fossos, lagos e muita terra arrasada “parece uma zona de bombardeio, tamanha a quantidade de buracos e de montanhas de terra e areia.” Essa paisagem pode ser vista no Google Maps. O presidente da associação de pescadores, Luiz Silva, diz que “a mineração ilegal, a agricultura sem controle com os agrotóxicos e, principalmente, a expansão da lavoura vão secando o rio. Se não cuidar, em 20 anos, o rio estará morto.”

Maisonnave conta que “a principal responsável pela fiscalização e licenciamento ambiental é a Sema (Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso). Via assessoria de imprensa, o órgão informou que desconhece o número de garimpos ilegais e que inexiste um plano para a recuperação da bacia do Peixoto de Azevedo, mas que a responsabilidade do passivo ambiental recai sobre os atuais proprietários das áreas.”

Ricardo Rodrigues, da Esalq e um dos principais especialistas brasileiros em restauração florestal, discorda: “Todo mundo sabia que havia atividade garimpeira lá, e o poder público não fez nada para evitar e corrigir. Está sendo transferido para a sociedade, mas foi uma ineficiência do Estado.”

 

ClimaInfo, 23 de setembro de 2019.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)