A Cúpula do Clima e o desafio de mobilizar o mundo

Cúpula do Clima

A Cúpula do Clima começou com discursos duros do secretário geral, António Guterres, e dos jovens que estavam ao seu lado. O secretário pediu para que os países apresentassem planos de ação concretos e metas climáticas mais ambiciosas.

O Financial Times publicou um editorial que dá a dimensão do desafio: “Apesar de mais de 30 anos de esforços internacionais para limitar os gases de efeito de estufa que provocam o aquecimento global, as emissões aceleraram. Sinais de respostas políticas começaram a emergir sob a forma de declarações de emergência climática e de metas que buscam zerar as emissões líquidas. No entanto, os líderes estão apenas começando a compreender o que são as políticas – abrangentes e economy-wide – necessárias para atingir as metas mais arrojadas. Precisam entender a enormidade do desafio das mudanças climáticas – e colocá-lo no centro de todas as decisões políticas.”

A Índia representa bem o tamanho do desafio. Ontem, o primeiro ministro, Narendra Modi, foi um dos primeiros chefes de estado a discursar. Ele anunciou que a Índia instalará mais 450 GW de fontes renováveis, uma extensão da meta de 175 GW até 2022, assumida em 2015, em Paris. Sintomaticamente, Modi não mencionou que existem mais 100 GW em novas térmicas a carvão em construção ou projetadas. Ele anunciou uma maior participação do biodiesel, mas sem dizer quando o consumo dos combustíveis fósseis parará de crescer. A notícia é do The Hindu e os dados do Carbon Brief.

Segundo o New York Times, entre os países com planos de aumento da ambição climática, estão os maiores consumidores e produtores de carvão.

O Times of India fez uma outra comparação para mostrar o tamanho do problema: os 65 países que anunciaram metas de zerar as emissões líquidas nos próximos 40 anos, respondem por menos de 40% das emissões globais. Os grandes emissores – China, EUA, Rússia, Japão, Austrália e Brasil – não se manifestaram ou anunciaram metas menos ambiciosas.

Em tempo: Enquanto os líderes globais discutiam na Cúpula Climática novas ações pelo clima, em outra sala da ONU, o presidente Trump foi localizado fazendo um “chamado global pela liberdade religiosa”, dando um recado para um grupo que lhe será crucial na eleição presidencial do próximo ano.

 

ClimaInfo, 24 de setembro de 2019.

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