Desmatamento cresce 96% na Amazônia em setembro, e tudo indica que continuará crescendo

Desmatamento setembro

Desmatamento em setembro cresce 96%: o sistema DETER/INPE registrou em setembro mais de 7.000 alertas de desmatamento, somando uma área de mais de 1.400 km2. Embora o total desmatado seja menor que o detectado em julho e agosto deste ano, o desmatamento registrado em setembro de 2019 é quase o dobro da área desmatada no mesmo mês do ano passado. Mais: a área acumulada ao longo de 2019 já bate em 8.000 km2, quase o dobro da acumulada em igual período do ano passado. Phillipe Watanabe, na Folha, e Leonardo Sakamoto no seu blog no UOL, comentaram.

Desmatamento deve seguir crescendo: a Deutsche Welle explica porque a tendência é de aumento do desmatamento. Um dos fatores é a perda de funcionários do Ibama: “Uma média de 15 servidores tem se aposentado a cada mês – um baque operacional para o Ibama, que não tem concursos desde 2009 e apresenta um déficit de 2 mil funcionários.” Outro fator é o aumento do risco para os fiscais do órgão sob o governo Bolsonaro. Falas do presidente, de seu ministro do meio ambiente e do ex-superintendente no Pará, coronel da Polícia Militar, Evandro Cunha, contrárias à destruição de equipamentos apreendidos nas operações do órgão aumentam o risco em campo. Um fiscal do Ibama explicou à DW que “quando derem estrutura para os órgãos locais retirarem os equipamentos, a melhor alternativa será a apreensão e venda posterior. Remover o maquinário gera um custo ao poder público, de diária e armazenamento no local. Mas, sobretudo, é arriscado. As equipes estão em uma situação de exposição a pessoas armadas.” Recomendamos a leitura do artigo.

PPCDAm, um plano exitoso e engavetado: João Paulo Capobianco, ex-secretário executivo do MMA, escreveu uma carta aberta a ministro do meio ambiente em nome do PPCDAm, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, criado em 2014. O artigo parte de duas frases recentes de Salles: que a Amazônia “precisa ser desenvolvida com sustentabilidade” para seus 20 milhões de habitantes e que, para isso, é preciso “defender a segurança jurídica, trabalhar pela regularização fundiária, fazer o zoneamento econômico ecológico e, finalmente, viabilizar a bioeconomia.” Capobianco explica que são exatamente estes os propósitos do PPCDAm, e que este foi o principal responsável pela queda histórica do desmatamento ocorrida entre 2004 e 2008. Mas Salles extinguiu a secretaria responsável pelo PPCDAm e, com isto, o plano foi para a gaveta. Falando em nome do Plano, Capobianco termina pedindo desculpas pela franqueza de “servidor antigo, ministro, mas a impressão que dá é que essa história de cuidar do meio ambiente não é bem a sua praia. Espaço para aprimoramentos sempre há, mas sua atitude ao me jogar na gaveta sem nem perguntar quem eu era denota baixa disposição para atacar de verdade um dos principais problemas ambientais e sociais do Brasil e do planeta.”

Capobianco ainda corrige o ministro e o presidente que se deram a dizer que 84% da Amazônia está preservada. O número correto seria 80%, se não forem incluídas as áreas degradadas. Se estas forem incluídas, a área preservada cai para 60%. A carta foi publicada pelo Observatório do Clima.

 

ClimaInfo, 14 de outubro de 2019.

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