A ‘pedalada’ nas emissões dos países

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O Reino Unido e outros países prometeram zerar suas emissões líquidas até 2050, mas deixaram de contabilizar as emissões embutidas nas suas importações.

Em um exemplo levantado pela Economist, os ingleses importam rosas da Holanda, mas, para efeito de zerar as emissões, só contabilizam as emissões do transporte na ilha e “esquecem” as emissões que ocorreram para cultivá-las. Essa maneira de fazer a contabilidade pela produção e não pelo consumo, enfraquece as promessas de zerar emissões, pois é sempre possível transferir as indústrias mais intensivas em emissões para países que não assumiram metas semelhantes. Não há nenhum estímulo na Inglaterra para se reduzir o consumo de rosas holandesas. No caso, isso não seria problema, desde que a Holanda também se comprometesse a zerar suas emissões.

Mas tomemos o caso da China. Carros chineses podem ser mais baratos, mas por conta da enorme dependência da China pelo carvão, são muito mais intensivos em carbono do que os produzidos nos EUA e na Europa.

O que complica é que essas análises têm que levar em conta todo o ciclo do produto. Uma maçã produzida e consumida na Inglaterra em junho teve que ficar seis meses sob refrigeração, consumindo muita eletricidade. Importar a maçã da Nova Zelândia, em que pese todo o transporte, emite menos. O artigo termina com uma advertência: “Com a descarbonização ganhando tração nos países ricos, as emissões embutidas nas importações serão cada vez maiores. Encontrar formas para reduzi-las será complicado. Mas serão cada vez mais difíceis de ignorar.”

 

ClimaInfo, 17 de outubro de 2019.

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