Óleo no Nordeste: está faltando transparência e responsabilidade

óleo

525 toneladas de óleo foram retiradas entre a última 6ª feira e o sábado dos litorais de Pernambuco, Alagoas e Bahia, o que indica que o vazamento foi de grande escala. O UOL conta que trabalho foi feito por voluntários, militares da Marinha, agentes do Ibama, ICMBio e Petrobras. “Segundo a Marinha, as manchas de óleo atingiram 2.250 km da costa nordestina, de Alcântara (MA) a Salvador.”

André Trigueiro: Para o jornalista especializado, a crise é grave a ponto de justificar a mudança do gabinete do ministro do meio ambiente para o Nordeste, de forma estabelecer um comando in loco da ações integradas com governadores e prefeitos da região. Trigueiro sugere ao ministro a divulgação de boletins diários: “Facilitaria”.

A demora na ação: A cronologia da inação do governo federal é, agora, documento oficial. Segundo o Poder 360, uma declaração enviada pelo MMA à justiça de Sergipe afirma que em 2 de setembro foi formado um grupo – que incluía Marinha, Ibama e a ANP (Agência Nacional do Petróleo) – para acompanhar a chegada do óleo às praias. “As reuniões e articulações entre Ibama, Marinha e ANP avaliaram o tipo de incidente no âmbito de cada órgão e entidade, tendo por fim recomendado à autoridade nacional, em reunião efetuada na cidade do Rio de Janeiro, domingo, dia 06/10/2019, que a Marinha fosse a coordenadora operacional do Plano. Tal decisão foi comunicada dia 08 de outubro ao MMA”. Ou seja, decidiu-se que a Marinha coordenaria as ações do Plano de Contingência mais de um mês depois do óleo começar a chegar.

Pernambuco: O governo federal trata com improviso praias atingidas pelo óleo, disse o governador do estado, Paulo Câmara. Ele também cobrou o funcionamento pleno do Plano de Contingência para incidentes com óleo.

Pará: A revista Amazônia informa do aparecimento de manchas de óleo na praia de Beja, em Abaetetuba, na região Nordeste do Pará. A Marinha informou que vai investigar a origem desse óleo e se há relação com as manchas que têm sido encontradas no litoral do Nordeste.

Justiça dá uma no cravo: A declaração do MMA foi enviada à juíza que examinava um pedido do MPF que exigia da União que pusesse em prática o Plano Nacional de Contingência para incidentes de Poluição por Óleo (PNC). A juíza decidiu negar o pedido do MPF porque, afinal, o governo tinha começado a agir. A Reuters também deu a notícia.

E outra na ferradura: Uma outra decisão liminar da Justiça em Pernambuco e em Alagoas determinou à União e ao Ibama que adote “providências imediatas” para contenção e recolhimento do óleo que atinge as praias e os ecossistemas sensíveis da região, manguezais, estuários de rios, áreas de desova de tartarugas, de reprodução do peixe-boi marinho e de recifes de corais. A liminar dá prazo de 24 horas para seu cumprimento, determina multa diária no valor de R$ 50 mil, caso haja descumprimento, e obriga o governo federal a implementar o monitoramento contínuo das áreas sob risco.

Contaminação dos pescados ameaça renda de pescadores e marisqueiros: “A contaminação química dura muito mais tempo do que aquilo que a poluição visual pode sugerir”, disse à BBC a oceanógrafa Mariana Thevenin, do grupo de voluntários Guardiões do Litoral, de Salvador, que se formou para limpar as manchas de óleo que poluem a região. E Mariana emendou: as substâncias presentes no petróleo “contaminam todos os organismos do ambiente e isso facilmente cai na cadeia alimentar. Um pequeno peixe, por exemplo, pode comer algo que esteja contaminado. Isso entra na cadeia até chegar no peixe que consumimos”. Pois é, isso vai atrapalhar a vida de até 144 mil pescadores e marisqueiros, informa a Folha.

Salles versus Greenpeace: Enquanto isso, Salles postou no Twitter um vídeo (editado) do Greenpeace criticando a organização por não estar ajudando os voluntários a limpar o óleo. O Greenpeace respondeu: “O governo Bolsonaro e seus órgãos competentes estão falhando no combate às manchas de óleo no Nordeste. Em vez de focar na resolução do problema com eficiência, o presidente Jair Bolsonaro viajou para o exterior e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tenta mascarar a sua inação desviando a atenção do fato e jogando a responsabilidade para a população e para as organizações não governamentais (…) Ricardo Salles não acionou o plano de emergência a tempo e da forma correta para combater o óleo e, agora, quer jogar a culpa nas ONGs que fazem o trabalho que o governo não faz”. Mais detalhes na Folha e n’O Globo.

 

ClimaInfo, 22 de outubro de 2019.

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