Megaleilão de petróleo coincide com chegada de óleo a Abrolhos

Petróleo megaleilão

Quase que simultaneamente à chegada do petróleo vazado à região de Abrolhos, acontecem nesta semana dois megaleilões de novas áreas de exploração do combustível fóssil. Na 4ª feira (6), será realizado um dos maiores leilões do mundo. O governo estima arrecadar mais de R$ 100 bilhões em bônus por estar leiloando quatro áreas já mapeadas pela Petrobrás. Adriano Pires diz, no Estadão, que “a Agência Nacional do Petróleo (ANP) estima que o pico de produção de petróleo nessas áreas alcançará 1,2 milhão de barris/dia (…) A agência também prevê um potencial de arrecadação de R$ 1,37 trilhão nos próximos 35 anos.” O segundo leilão acontece na 5ª feira e deve acrescentar mais R$ 50 bilhões em bônus à arrecadação do governo. Pires comemora a “posição de protagonismo [do Brasil] no mercado mundial de óleo e gás”.

Já Adilson de Oliveira, Marília Basseti Marcato e Susan Schommer escreveram na Folha sobre a atual geopolítica do petróleo: “Hoje o Brasil encontra-se em condição privilegiada para proteger sua economia dos efeitos danosos das tensões geopolíticas na região do Oriente Médio (…) Essa situação oferece oportunidade excepcional para utilizar o setor petrolífero como alavanca do desenvolvimento econômico.”

Uma nossa observação: todos os autores são profissionais renomados na área de energia no Brasil. Por isso mesmo, é uma pena não terem levantado nenhuma palavra sobre mudanças climáticas ou sobre o desastre do óleo no litoral brasileiro. É como se fossem problemas de um outro planeta ou de um futuro longínquo.

Em tempo: não é só o Brasil que está se transformando em um grande produtor global de petróleo. Segundo o New York Times, uma avalanche de produção de petróleo está se aproximando, quer o mundo precise dela ou não. Tal avalanche chegará a despeito do crescimento das preocupações com as mudanças climáticas e da diminuição da demanda mundial por petróleo. E não virá dos produtores habituais, mas de Brasil, Canadá, Noruega e Guiana – países que não são internacionalmente conhecidos por seu petróleo ou cuja produção tem sido fraca nos últimos anos. O NYT especula: seria a nova e iminente avalanche de oferta uma das principais razões pelas quais a gigantesca petroleira Saudita Aramco ter avançado no domingo com seus planos para o que pode vir a ser a maior oferta inicial de ações (IPO) do mundo?

 

ClimaInfo, 4 de novembro de 2019.

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