Norte-americanos não apoiam saída dos EUA do Acordo de Paris

Contra os interesses e a vontade de seus cidadãos, Trump notificou a ONU e deu início à saída do Acordo de Paris pelo clima. Mesmo assim, a saída só será oficial daqui a um ano, um dia depois das eleições… que Trump pode perder.

A Administração Trump deu início ao processo de retirada oficial dos EUA do Acordo de Paris pelo clima, agindo contra os interesses e a vontade do povo norte-americano. As coalizões de estados, cidades e empresas norte-americanas comprometidas com o Acordo de Paris hoje representam quase 70% do PIB dos EUA e quase 65% da população dos EUAMais de três quartos (77%) dos eleitores registrados apoiam a continuação da participação dos EUA no Acordo climático de Paris, incluindo quase todos os Democratas (92%), três em cada quatro Independentes (75%) e a maioria dos Republicanos (60%). Por mais de 5 para cada 1, os eleitores dizem que os EUA devem participar do Acordo de Paris.

Uma delegação com líderes não-federais norte-americanos confirmou sua ida a Madri para as próximas negociações da COP25, onde sediará o Centro de Ação Climática dos EUA. Este será o terceiro ano consecutivo em que o movimento “We Are Still In” (seguimos dentro, em tradução livre), com a liderança e o apoio financeiro do Enviado Especial da ONU para a Ação Climática, Michael Bloomberg, preencherá o vácuo deixado pelos EUA nas negociações da ONU. Mais de 3.800 líderes de governos locais, tribais e estaduais dos EUA, do setor privado e outros seguem “still in” no Acordo de Paris.

A ameaça que a mudança climática representa para os norte-americanos é ainda mais clara do que era há dois anos, quando Trump anunciou pela primeira vez a intenção de se retirar. Enquanto o governo federal dos EUA recua em relação à ação climática, estados, cidades e empresas dos EUA intensificam as reduções de emissão de forma cada vez mais ambiciosa. Uma análise feita no ano passado revela que os compromissos climáticos dos líderes não federais dos EUA estavam no caminho certo para o cumprimento de dois terços da meta dos EUA no Acordo de Paris. Desde então, atores e empresas locais aceleraram ainda mais a implantação e se comprometeram com mais ações.

Em 2019, sete novos estados promulgaram legislações se comprometendo com 100% de energia limpa. Compromissos semelhantes foram feitos em mais cinco estados, que uma vez promulgados, fariam quase 25% da demanda total de eletricidade dos EUA se comprometer com 100% de fontes limpas de energia. 62 empresas com operações nos EUA, incluindo muitas empresas da lista Fortune 500, se comprometeram com 100% de energia limpa. Empresas como a Apple Inc., o Bank of America, a Starbucks e outras, que assumiram o compromisso da RE100, têm valor somado de mercado de mais de US$ 7,8 trilhões.

Os EUA continuarão a ser parte do Acordo de Paris até pelo menos novembro de 2020. O processo leva um ano, no mínimo. Dados estes prazos, se a submissão à ONU for processada nesta segunda, os EUA não mais serão parte do Acordo de Paris a partir do dia 4 de novembro de 2020 – exatamente um dia após a eleição presidencial e uma semana antes das negociações climáticas da COP26 marcadas para o Reino Unido. Dependendo dos resultados das eleições presidenciais, poderão voltar a Paris com força. Mais norte-americanos do que nunca se preocupam com as mudanças climáticas, e isso se tornou uma das principais questões de votação para a eleição presidencial de 2020.