Em suas notas à imprensa, as petroleiras BP e Shell juram que estão trabalhando para limitar o aquecimento global a 2°C. Mas comunicações internas mostram que estas se preparam, de fato, para um mundo mais de 4°C mais quente do que na era pré-industrial. Dois relatórios da Share Action, que estão para sair, mostram o descompasso entre a tentativa de esverdear a imagem e a realidade dos planos futuros.
Uma matéria do The Independent diz que “nenhuma das empresas estabeleceu metas para reduzir suas emissões e o investimento total da BP em tecnologias limpas e renováveis diminuiu desde 2005, segundo os relatórios. Isso apesar da imagem pública da empresa de estar ‘além do petróleo’ (BP – Beyond Petroleum). A BP investe apenas 1,3% do total de seus gastos de capital em projetos de baixo carbono, enquanto a Shell prometeu investir 3% de seus gastos anuais em projetos de baixo carbono até 2020. [No entanto,] ambas as empresas testam a resiliência de seus negócios usando modelos climáticos em que as temperaturas aumentam entre 3°C e 5°C.”
Em tempo 1: A petroleira francesa Total anunciou na 6ª feira (8) que revisará sua participação nas 30 associações industriais mais significativas das quais participa para verificar se as posturas destas estão alinhadas com as do grupo sobre questões climáticas, entre elas o apoio ao Acordo de Paris.
Em tempo 2: Marcelo Leite comenta na Folha o difícil dilema gerado pelo valor econômico do petróleo e do gás do pré-sal (mais de US$ 1 trilhão) versus as consequências da queima destes combustíveis fósseis, que aceleram o aquecimento global e o sofrimento da humanidade e da vida sobre a Terra: “(…) Não sou contra a exploração do pré-sal. Não há como renunciar a obter uma riqueza que poderia ajudar milhões de brasileiros a sair da pobreza. O certo seria usar muito pouco do pré-sal e de qualquer jazida de combustível fóssil, para evitar o agravamento da crise do clima e usar essa renda para revolucionar a produção de energia na direção das renováveis. Só uma pequena parte das reservas mundiais de óleo e gás pode ser extraída sem lançar o planeta numa espiral trágica de aquecimento.”
ClimaInfo, 11 de novembro de 2019.
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