Enquanto isso, na COP25

na COP25

Teve início o segmento de alto nível na COP25, com os discursos dos ministros de Estado que vão até hoje. Mais de 200 lideranças de governos, organizações internacionais, sociedade civil e empresas estão sendo ouvidas em Madri – entre elas, o ministro do meio ambiente e chefe da delegação brasileira na COP25, Ricardo Salles, que, sem citar o desmatamento, repetiu que o Brasil é um dos países que mais preservaram a natureza. Ele voltou a defender que os negociadores da COP25 concluam logo as negociações em torno dos mercados de carbono, bem como encontrem uma solução para que os esforços realizados por governos e empresas com os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) do sistema de Quioto sejam considerados no novo modelo de mercado sob o Acordo de Paris. O Estadão traz mais detalhes sobre a fala ministerial.

No que diz respeito às negociações, com o início do segmento de alto nível, todas as questões que não foram fechadas durante as conversas nos grupos técnicos estão sendo novamente debatidas, dessa vez com os ministros de Estado. Por ora, a situação segue a mesma. No que diz respeito a mercados de carbono, o 2º texto negociador apresentado no sábado não foi capaz de aplacar as vontades de todas as Partes, que concordaram apenas com a necessidade de um novo texto. Desentendimentos persistem em praticamente todos os itens desse debate: transição para o novo regime de mercado (Quioto para Paris), divisão dos recursos financeiros, ajustes correspondentes/dupla contagem, potencial de mitigação geral, contabilidade de reduções e governança do sistema.

O debate sobre ambição também segue complicado. Países em desenvolvimento seguem acusando os desenvolvidos de não terem agido de maneira suficientemente ambiciosa antes do começo da vigência dos compromissos de Paris. Brasil e Arábia Saudita, por exemplo, querem que os países ricos apresentem um programa de trabalho para avaliar aquilo que foi feito no pré-2020. O grupo dos “Like-Minded”, por sua vez, insiste que os países ricos incorporem a ambição que faltou antes de 2020 em seus compromissos pós-2020. Teme-se que um tropeço político nesse ponto contamine a discussão mais ampla sobre ambição para 2020 – um ponto tido como essencial por observadores e especialistas para vitaminar o Acordo de Paris no ano que vem, com a revisão voluntária das NDCs por cada país.

 

ClimaInfo, 11 de dezembro de 2019.

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