Sínodo dos Bispos católicos para a Amazônia entra na mira da inteligência das Forças Armadas

Em 2017, o Papa Francisco visitou a Amazônia peruana e prometeu realizar um Sínodo com bispos de toda a região. O Sínodo está programado para acontecer em Roma no próximo outubro. Neste final de semana, o Estadão reportou que o núcleo militar do governo está preocupado com críticas que possam emergir às suas ações ou intenções para a região. Em nota de esclarecimento feita após a repercussão da matéria do Estadão, o Gabinete de Segurança Institucional do General Augusto Heleno disse que “existe a preocupação funcional do Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional com alguns pontos da pauta do Sínodo sobre a Amazônia que ocorrerá no Vaticano, em outubro deste ano. Parte dos temas do referido evento trata de aspectos que afetam, de certa forma, a soberania nacional. Por isso, reiteramos o entendimento do GSI de que cabe ao Brasil cuidar da Amazônia Brasileira.” Além disso, o governo fez contatos diplomáticos com a Itália (equivocados já que teriam que ser feitos com a cidade-estado do Vaticano) para que possa enviar representantes ao Sínodo.

Para este governo, é legítimo criticar governos de outros países, mas não é legítimo que bispos brasileiros discutam suas ações sobre a Amazônia. Para eles também é legítimo querer estar presente em uma reunião no estado independente do Vaticano que, igualmente, zela pela sua soberania.

O Documento Preparatório do Sínodo dos Bispos para a Assembleia Especial para a Pan-Amazônia pode ser obtido aqui.

 

Boletim ClimaInfo, 12 de fevereiro de 2019.