A Austrália sofre com secas, enchentes e ondas de calor

As fotos na matéria do The Guardian impressionam. Muitas mostram dezenas de bois mortos por uma enchente provocada por um volume inédito de chuvas no estado australiano de Queensland. E não só. Segundo a matéria, foram encontrados cangurus em árvores e pilhas de pássaros na lama. Ao final de um período de forte seca, choveu 70 cm em uma única semana, a maior parte num intervalo de 4 dias. Moradores compararam esse evento extremo com um ciclone, só que no interior do país. Eles contam que, nos primeiros dias, o gado começou a ficar fraco por ter que se mover na lama e, no final, não tinha mais energia para se aquecer e morreu. Durante o final de semana, o mesmo The Guardian publicou duas matérias, uma falando dos extremos de seca e tempestades e outra falando das sucessivas crises hídricas no país. Na primeira, o destaque é para a cidade de Townsville, na ponta norte do país, onde, em duas semanas, choveu 1,4 metros de água. Na Tasmânia, ilha no extremo sul, relâmpagos secos provocaram incêndios que queimaram 3% da ilha. E, no mês passado, várias cidades sofreram com ondas de calor que fizeram a temperatura chegar a quase 50oC.

Um dos principais sistemas fluviais de abastecimento de água, o Murray-Darling, está quase seco em vários trechos depois da passagem das ondas de calor, embora estas tenham sido a última gota d’água num gerenciamento dos recursos hídricos que, durante muito tempo, privilegiou a irrigação. O resultado, agora, são racionamentos e a mortandade de um dos peixes emblemáticos da região. R. Keller Kopf, autor da segunda matéria, diz que, “se as emissões globais de carbono permanecerem altas, a temperatura recorde para a região de 48oC deverá passar dos 51oC ainda neste século. As temperaturas em Death Valley são, às vezes altas, mas não tem ninguém morando ou plantando algodão ou cultivando peixes por lá.”

 

Boletim ClimaInfo, 14 de fevereiro de 2019.