Tasso Azevedo e Luís Guedes Pinto analisam no Valor Econômico um vídeo que viralizou nas redes sociais no qual o “palestrante sugere que o país conserva florestas demais e tem tanta área protegida, tanta terra indígena e tanta exigência de preservação que ficou sem espaço para desenvolver a agropecuária. Como tantas outras histórias difundidas via “zapzap”, esta também é uma fake news.” Para começar, em área total, a Rússia tem mais floresta do que o Brasil. Mesmo em termos relativos, o Brasil faz parte de um grupo de 30 países nos quais a área florestada cobre mais de 60% de seus territórios. Se é verdade que 25% da área do Brasil está dentro de áreas protegidas – unidades de conservação e terras indígenas – a média mundial é de 29%. E no caso brasileiro, 90% das áreas protegidas estão na Amazônia, e a maior parte delas em locais remotos ou sem nenhuma aptidão agrícola. Como dizem os autores, “o número de áreas protegidas parece impressionante no powerpoint, mas não compete com o agronegócio.” A ministra Tereza Cristina e a bancada ruralista gostam de dizer que ninguém protege mais a floresta do que o agricultor brasileiro, só que os números não corroboram a afirmação. “A conservação das áreas florestais é bem diferente quando comparamos as áreas públicas e privadas. As propriedades privadas tiveram perda líquida de mais de 20% de sua cobertura florestal nos últimos 30 anos. Nas unidades de conservação e terras indígenas a perda foi de 0,5% e, em outras áreas públicas não protegidas, de 5%.”
Ninguém disputa que o agronegócio brasileiro fez avanços tecnológicos impressionantes e que vem se mostrando estrategicamente crucial na economia brasileira. Mas não precisa avançar sobre a Amazônia nem precisa de números distorcidos. Apresentações e discursos falsos só ajudam a banda podre do agronegócio que opera na base de crimes como a grilagem de terras públicas, a extração ilegal de madeira e os garimpos igualmente ilegais.