Nabhan Garcia, secretário especial de assuntos fundiários do ministério da agricultura, vinha guardando silêncio desde sua posse. Mas o magnetismo dos holofotes foi irresistível; teria sido melhor permanecer calado. Nabhan disse que “tem muita gente que critica o grande latifundiário, mas hoje o maior latifundiário do país é o índio”. Só que o índio não é, nem nunca foi proprietário, no sentido capitalista, da terra. A Constituição estabelece que as terras são da União e não dele. Mas o assunto central da entrevista dada ao Estadão é a relação entre o Incra, seu novo general e o MST. Nabhan disse que, “durante décadas, nós assistimos ao Incra ser comandado por invasores de propriedade, pelo MST e um emaranhado de siglas (…) Uma sigla vai lá, destrói, ateia fogo, faz vandalismo, terrorismo e fica por isso mesmo? Isso não é movimento social. Invasão é crime. Não podemos manter diálogo com foras da lei nem nos submeter a pressões.”
Nabhan não respondeu, nem foi perguntado, se os grileiros de terras públicas que atuam em um esquema de crime organizado serão tratados com o mesmo rigor. Aliás, com rigor até maior, já que eles estão dilapidando bens de todo o povo brasileiro.
Além disso, o senhor Nabhan não tem o mandato de decidir quem é ou não criminoso. Para isso existe um poder independente do executivo, o judiciário. É só lá que uma pessoa perde seus direitos políticos ou uma organização é obrigada a fechar suas portas. O executivo não tem o direito de excluir qualquer brasileiro ou qualquer organização não condenada pela justiça. Simples assim.