O que matou os dinossauros?

Há 66 milhões de anos, em um curto período de tempo do registro geológico, 75% dos seres vivos morreram no que foi a última das 5 grandes extinções conhecidas. A teoria mais popular coloca a culpa na colisão com um enorme asteroide que caiu no que, hoje, é a Península de Yucatán, no sul do México. Sabe-se, porém, que, na mesma época, houve uma atividade vulcânica excepcionalmente forte na Índia, que originou uma formação basáltica conhecida por Escarpas de Deccan que cobre uma área do tamanho da Bahia e chega a atingir 2 km de altura. Tanto a poeira formada pela colisão como os gases dos vulcões podem ter dado a volta no globo, tapando o Sol e provocando uma noite de anos – o suficiente para matar plantas, herbívoros e carnívoros. A pergunta é: se o asteroide fez a Terra tremer tanto que disparou os vulcões, ou se os vulcões vieram antes, seus gases e poeira já estavam matando todo mundo e o asteroide só deu o golpe final. Na semana passada, a revista Science publicou, no mesmo número, dois trabalhos que refinam as datações das Escarpas de Deccan. Um deles sugere que os vulcões vieram antes do asteroide. O outro diz que, sim, houve um episódio de vulcanismo anterior, mas que não foi nem de longe o suficiente para o massacre, e que o impacto do asteroide provocou outro episódio de vulcanismo que, juntos, fizeram a vida sobre a Terra quase desaparecer. Assim, o mistério continua. Para Reinaldo José Lopes, da Folha, “o tema é importante não apenas para entender a ascensão dos mamíferos, grupo a que pertence o ser humano, quanto para se ter uma ideia do que ocorre num planeta que sofre mudanças climáticas extremas em pouco tempo.”

 

Boletim ClimaInfo, 25 de fevereiro de 2019.