É na fronteira entre os biomas da Amazônia e do Cerrado onde mais se desmata

Nos mapas, uma linha fina separa os biomas da Amazônia e do Cerrado. Mas um trabalho recém-publicado na Biodiversity and Conservation mostra que tal linha é, na verdade, uma faixa larga e complexa onde os biomas se entrecruzam. A representação desta fronteira como uma linha não contribui para que se reconheça e preserve a biodiversidade da região. Como dizem os autores, “a complexidade das fronteiras entre Florestas Tropicais e o Cerrado tem sido mal interpretada e mal representada (…) Como consequência, a perda de vegetação chegou a níveis próximos do colapso nas áreas de atividade humana intensa.” Áreas que deveriam estar no bioma amazônico, aparecem no mapa como sendo Cerrado e, assim, com maior probabilidade de perda florestal. O autor-líder do trabalho, Ben Hur Marimon, disse para O Eco que “a agropecuária é o grande motor do desenvolvimento do Centro-Oeste brasileiro, mas é preciso garantir a manutenção das florestas nativas para que elas continuem cumprindo o seu papel na regulação climática. Por isso, apontamos para a necessidade urgente da criação de uma zona especial de amortecimento ao sul e sudeste da Amazônia para preservar a vegetação e garantir chuvas regulares para as lavouras e pastagens da região”.

 

Boletim ClimaInfo, 13 de março de 2019.