O número de casos de intoxicação por agrotóxicos nos últimos dez anos soma 40 mil, mais de 10 por dia, mostra uma matéria do Globo Rural. Este é o número de pessoas que procuraram o sistema de saúde e tiveram diagnóstico de intoxicação. O número real deve ser bem maior, dado que muitos não procuram ajuda, seja por opção, seja pela dificuldade de acesso. E ainda há um número provavelmente alto de diagnósticos que não apontam para intoxicações. No período, quase 2.000 pessoas morreram em decorrência das intoxicações, pouco menos de 1 morte por dia. O Paraná lidera o número de casos, por ser um dos grandes estados produtores agrícolas e ter um sistema eficiente de notificação. O estado foi o primeiro a aprovar uma lei regulamentando a aplicação de agrotóxicos nas proximidades de vilas, escolas e hospitais, que obriga o plantio de árvores separando lavouras de habitações.
Analisando os 86 novos agrotóxicos aprovados nos primeiros dois meses do governo Bolsonaro, Júlia Dolce, do De Olho nos Ruralistas, foi atrás das moléculas mais perigosas, procurando quem fabrica e quem tem interesse em aplicá-las. Dolce escreve que, “no caso dos produtos classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como extremamente tóxicos, 21 deles foram aprovados pelo atual governo em quatro atos publicados no Diário Oficial da União em janeiro e fevereiro”. Júlia conversou com o procurador do trabalho Pedro Luiz Serafim, coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, quem disse que “não existe uso seguro, por isso queremos trabalhar para que cada vez mais as empresas sejam responsabilizadas, dando instrumentos ao Estado para proteger a saúde das pessoas.” A matéria relata vários casos de coerção por parte das fabricantes nacionais e multinacionais e os impactos na população de vários lugares Brasil afora.
ClimaInfo, 2 de abril de 2019.