A nossa água envenenada de cada dia

A água das torneiras das principais capitais e de muitas outras cidades está cheia de agrotóxicos. Uma matéria do Repórter Brasil e da Agência Pública publicada no UOL dá detalhes: “Um coquetel que mistura diferentes agrotóxicos foi encontrado na água consumida em 1 a cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017. Nesse período, as empresas de abastecimento de 1.396 municípios detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Anvisa como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Entre os locais com contaminação múltipla estão as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas.” Os dados utilizados pela matéria foram obtidos junto ao Ministério da Saúde e foram disponibilizados por município pelo site Por Trás do Alimento.

A legislação estabelece limites de contaminação para cada substância, mas, ao contrário do que acontece nos países ricos, aqui não há limites para misturas. E os limites por substância estão defasados em relação aos padrões internacionais. O limite aqui estabelecido para o famoso glifosato é 5.000 vezes mais alto do que na Europa. Para os fungicidas Tebuconazol e Mancozebe, é 1.800 vezes maior.

“Chamada para esclarecer as liberações [de centenas de novos agrotóxicos] em audiência na Câmara (…), a ministra [Tereza Cristina, da agricultura] disse que ‘não existe liberação geral’ e que longos processos de aprovação só atrasam o agronegócio brasileiro. A ministra chamou de ‘desinformação’ os estudos que apontam os riscos dessas substâncias e, usando o mesmo argumento do sindicato dos produtores de agrotóxicos, declarou que as intoxicações ocorrem devido ao modo como os trabalhadores aplicam as substâncias.”

Faltou à ministra explicar como esses venenos aparecem nas torneiras das grandes cidades do país.

 

ClimaInfo, 16 de abril de 2019.

 

Atualização 17/4/2019

Agrotóxicos na água

 

 

A matéria do Repórter Brasil e da Agência Pública sobre a contaminação da água por agrotóxicos que comentamos ontem repercutiu bastante. O pessoal de Mato Grosso aproveitou para comentar uma pesquisa local dando conta que amostras tomadas em Lucas do Rio Verde, Campo Verde, Sapezal, Campo Novo do Parecis e Campos de Júlio deram uma contaminação 10 vezes maior do que a média nacional. A Carta Campinas fez a consulta para a cidade paulista e viu que os 27 agrotóxicos analisados estão presentes na água da cidade. O Ambiente Brasil publicou uma denúncia de populações que sofrem com pulverizações feitas em uma fazenda na zona rural do município de Marabá, no Pará. Um dos agricultores disse que “o veneno estava tão forte que dentro do carro a gente sentiu”. O pessoal do acampamento Helenira Rezende acusa a fazenda de usar agrotóxicos como arma química contra o acampamento.

 

ClimaInfo, 17 de abril de 2019.