O presidente falou em entrevista à TV Band, na 3ª feira, sobre a linha de transmissão Manaus-Boa Vista. O projeto prevê que a linha acompanhe a estrada que liga as duas capitais. Isto fará com que o linhão atravesse mais de 100 km do território Waimiri-Atroari (WA). Bolsonaro disse que o linhão será construído “independente da manifestação dos índios. Não conseguimos fazer o linhão de Manaus para Boa Vista porque tangencia uma Reserva Indígena”. Na peculiar geometria do presidente, cortar ao meio virou tangenciar.
A polêmica em torno do Linhão já é antiga. Em 2016, o governo chegou emitir a Licença Prévia que foi contestada na justiça pelos WA. Na época, seu porta-voz, o sertanista José Porfírio Carvalho, explicou que “o principal impacto é o processo construtivo, onde para cada obra estarão circulando dentro de suas terras 100 homens, máquinas, isto multiplicado por 250 [torres] é um impacto de dimensão violenta”. Carvalho disse que teme-se uma invasão de garimpeiros. “Bastará um dos trabalhadores que irão cavar buracos dentro da Terra Indígena falar que achou uma pepita de ouro ou algumas gramas de outro minério, mesmo que não seja verdade, a Terra Indígena será violentamente invadida.”
ClimaInfo, 3 de maio de 2019.
