Agendas prioritárias de Salles não têm metas nem dinheiro

O ministro do meio ambiente repete à exaustão que a mudança do clima e o território rural não são prioridades e que sua gestão se foca nas cidades. Mas Claudio Angelo, do Observatório do Clima, investigando os planos do ministério e os recursos disponíveis para sua execução mostra que “a chamada agenda ambiental urbana padece de falta de orçamento e de objetivos claros. Alguns de seus programas não têm dinheiro; outros ainda não têm metas; em outros não se sabe nem mesmo quais serão as atribuições do ministério, já que há outras instâncias de governo diretamente responsáveis por eles.” Um dos programas prediletos do ministro é o PCLNM (Programa de Combate ao Lixo no Mar). Pois bem, segundo o oceanógrafo Alexander Turra, da USP, “o plano é um pot-pourri de ações desagregadas que, por imediatismo, atropelou um plano estratégico de uma comissão que vinha trabalhando nisso desde o ano passado. Ele não tem o caráter sistêmico que permitiria a otimização de recursos de forma a gerar maior benefício”.

Salles dedica muito de seus discursos ao saneamento básico, sendo que, no remanejamento dos órgãos feito logo no começo do governo, a Agência Nacional de Águas saiu do seu MMA e foi para o Ministério do Desenvolvimento Regional. Para o MMA ficou, somente, “o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental das águas”.

Outro assunto martelado por Salles é o da qualidade do ar nas grandes cidades. Mas Claudio Angelo mostra que “o controle de poluição do ar segue mais ou menos a mesma lógica: os planos de controle de poluição veicular (PCPVs) são atribuições dos estados, não do MMA.”

 

ClimaInfo, 6 de maio de 2019.