Críticas de ex-ministros do meio ambiente a Salles começaram cedo

Ontem, pela manhã, antes mesmo do início da reunião dos ex-ministros do meio ambiente, os primeiros salvos ecoaram nos jornais. O ex-ministro Sarney Filho, conhecido pelo seu comedimento, deixou as meias palavras de lado e disse à BBC que “o problema é o desmonte da política ambiental, que vinha tendo muito sucesso. O Brasil, desde 1999, tem tido uma política ambiental consistente. Os ministros e ministras que assumiram deram continuidade nesta política, com algumas mudanças pontuais. E também eram todos identificados com a causa ambiental. O que não ocorre hoje; o ministério do Meio Ambiente me parece mais uma sucursal do ministério da Agricultura.” Para exemplificar o desmonte, citou a mudança do Serviço Florestal para o ministério da agricultura, a extinção da secretaria de Mudança do Clima e Florestas e outras tantas. O também comedido ex-ministro Edson Duarte contou que ele e sua equipe se prepararam para ajudar na transição de governo. “Era uma quantidade enorme de programas, subprogramas, parcerias; informações que precisavam ser conhecidas durante uma transição de governo. Mas eles se negaram a nos visitar e a pegar o material que fizemos. Ficou tudo sobre a mesa.”

Em tempo: na entrevista à BBC, o ex-ministro Sarney não economizou ao falar da bancada ruralista: “Desde a Constituinte (de 1988) esse segmento mais atrasado do agronegócio tem tido assento. Porque falam em acabar com a Reserva Legal, Áreas de Preservação Permanente (…) Falam em facilitar a vida daqueles que estão plantando e assim têm mais facilidade de pedir voto. Há uma desigualdade na representatividade do agronegócio. O que há de pior, a grande maioria, está no Congresso; e os mais conscientes não têm voz.” Touché.

 

ClimaInfo, 9 de maio de 2019.