Estamos em um mês de eleições importantes nas quais o clima é um dos temas de destaque.
Austrália: as eleições australianas aconteceram no sábado passado. As pesquisas indicavam a derrota do atual primeiro-ministro por conta de suas posições contra a agenda climática, contra a imigração e a favor da indústria do carvão. As pesquisas erraram.
Segundo a BBC, Scott Morrison ganhou sozinho. Membros do seu partido não quiseram aparecer a seu lado por conta das suas posições consideradas “tóxicas”. Morrison apostou nos australianos silenciosos que querem, antes de tudo, estabilidade econômica.
Ao final, o clima, os refugiados e a energia limpa não foram suficientes.
O Washington Post comparou essa eleição australiana com a de Trump, em 2016, e levantou dez lições a serem aprendidas. Uma delas diz que, apesar do clima aparecer como grande preocupação do eleitor australiano, na hora de escolher entre emprego e clima, a maioria preferiu o emprego. Pelo menos foi assim que Morrison colocou a questão.
União Europeia: as eleições para o Parlamento Europeu acontecem entre 5a e domingo. As pesquisas mostram que a mudança climática é uma das principais preocupações dos europeus e, assim, um dos principais tópicos destas eleições.
Uma matéria da BBC diz que tem adulto votando em candidatos escolhidos por filhos e netos, reflexo do movimento dos jovens exigindo ações climáticas urgentes.
A Climate Action Network Europe lista 468 candidatos que endossaram publicamente ações pelo clima.
O The Guardian diz que os candidatos “verdes” poderão bater seu recorde no número de assentos e, dependendo do grau de fragmentação do Parlamento, se tornarem fiéis da balança política (kingmakers). O jornal publicou uma outra matéria com os prognósticos para os seis maiores países: Alemanha, França, Itália, Espanha, Polônia e Reino Unido.
O Le Monde, o Euroactive e o site Político europeu também comentaram as eleições desta semana.
Índia: as eleições na Índia começaram em 19 de abril e terminaram no domingo passado. Cerca de 900 milhões de eleitores foram às urnas em um dos processos mais complicados do planeta.
Ao que tudo indica, o atual primeiro ministro, Narendra Modi, poderá ter uma vitória marcante. Sua aliança pode conseguir mais de 350 cadeiras no Parlamento, onde são necessárias 272 para se ter maioria e se formar o governo. O resultado deve sair ainda esta semana.
Os dois grandes partidos, o BJP e o do Congresso, colocam a mudança do clima como um dos grandes desafios a serem enfrentados e as fontes renováveis em posição de destaque.
No entanto, na prática, o Parlamento se forma a partir das forças estaduais e, nelas, os interesses do carvão, do cimento e da siderurgia têm grande peso.
O site The Third Pole, que trata das crises de água na Ásia, diz que o clima é um espectro que ronda as eleições. Os candidatos evitam falar a respeito, embora discorram sobre seus impactos.
ClimaInfo, 21 de maio de 2019.
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