Frente à febre, o general Heleno ataca o termômetro

general heleno

O general Augusto Heleno está brigando com os números, afirma Bernardo Mello Franco em sua coluna n’O Globo. O general repete Bolsonaro e o ministro Salles ao dizer que os dados sobre o desmatamento são pouco confiáveis: “esses dados do desmatamento eu coloco muito em dúvida. Se nós somarmos o percentual de desmatamento que anualmente aparece no jornal, o Brasil já estava sem uma árvore. Isso também é muito manipulado”.

Assim como Bolsonaro e Salles, o general não coloca um número, nem um dado, para comprovar uma afirmação absurda como essa e, em entrevista à GloboNews, endossa “a tese de que a agenda do meio ambiente seria controlada por um complô internacional”.

Franco mostra que, pelo contrário, os dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) são para lá de confiáveis.

Os dados recentes indicam que o desmatamento na Amazônia está aumentando e pode passar dos 10 mil km2 por ano. Desde 2008, essa marca não é ultrapassada.

A coluna termina dizendo e “os sinais de alta no desmatamento ajudam a explicar o bombardeio contra o Instituto que monitora a floresta (INPE). A tática já foi usada por Bolsonaro quando estatísticas mostraram o aumento do desemprego no início do governo. Em vez de reconhecer o problema, o presidente atacou o IBGE.”

Bernardo ainda colhe a palavra do engenheiro florestal Tasso Azevedo, quem define o trabalho do Inpe como “referência mundial” no setor.

Em tempo: Samyra Crespo comentou no Envolverde uma entrevista dada por Tasso Azevedo à Míriam Leitão sobre o MapBiomas Alerta, a nova plataforma da família (veja o Para Ir, no final dessas notas).

Samyra diz que a plataforma “é extraordinária contribuição metodológica e tecnológica contra o desmatamento ilegal e predatório. E pode ser utilizada pelo Ibama principal órgão de comando e controle do estado brasileiro”.

Ao incorporar os dados de Cadastro Ambiental Rural (CAR), o MapBiomas Alerta ajuda a ação responsável, “premiando e aplaudindo o bom agronegócio”. Mas, por outro lado, também identifica “aqueles que se beneficiam de crimes e impunidade.”

 

ClimaInfo, 27 de maio de 2019.

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