A polêmica em torno dos créditos de carbono para proteção florestal

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Ninguém contesta que o desmatamento contribui, e muito, para o aquecimento global. Todos sabemos, também, que a floresta nativa gera pouca renda para quem nela vive e, portanto, não há estímulos econômicos que evitem o desmatamento. Aqui terminam os consensos.

Lisa Song desanca no Pro-Publica os créditos de carbono gerados por projetos de proteção de florestas – os chamados projetos REDD+ (Redução de Emissões de gases de efeito estufa provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal). O eixo da sua argumentação é que não é possível medir quanto carbono, ou melhor, quanto gás de efeito estufa, deixa de ser emitido ao se evitar o desmatamento de uma área. Ainda por cima, a floresta teria que ficar em pé por muito tempo para que cada crédito de desmatamento evitado continuasse a valer.

Song aproveita para lembrar as várias falcatruas cometidas por alguns projetos no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo da ONU.

Por outro lado, os defensores do REDD+, como o pessoal do Idesam, defendem o princípio segundo o qual a manutenção da floresta intacta depende desta gerar mais receita do que a gerada no processo de desmatamento. E confiam no progresso da ciência para mensurar, o mais precisamente possível, quanto carbono deixou de ser emitido ao se proteger a floresta. E, se o MDL não foi um mecanismo muito robusto, as lições aprendidas servirão para se estabelecer um novo, melhor.

Song, como muitos, não diz o que fazer para proteger a floresta.

Aliás, a União Europeia, ao recusar falar sobre os créditos do REDD+ e ao proibir o óleo de palma da Indonésia e da Malásia acaba dando as costas para o problema do desmatamento.

O UOL publicou a tradução do artigo de Lisa Song.

 

ClimaInfo, 28 de maio de 2019.

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