O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia é bom para o clima? 

1 de julho de 2019

As cláusulas explícitas de preservação ambiental e redução do desmatamento presentes no acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia dão argumentos para quem entende que a margem de manobra do governo Bolsonaro ficou mais estreita. Os países dos dois blocos se comprometeram com a permanência no Acordo de Paris, o que significa, em tese, compromisso com o aumento gradual da ambição de redução de emissões. Por outro lado, a falta de números duros por trás da linguagem diplomática municia aqueles que veem o contrário, que a margem de manobra ficou ainda maior.

Os diferentes setores dos dois blocos agora fazem as contas e discutem as condicionantes para destrinchar os riscos e oportunidades que o acordo traz aos seus negócios. Chama a atenção a necessidade do acordo ser ratificado por cada um dos parlamentos dos países dos dois blocos, o que pode levar de dois a cinco anos, ou seja, até, possivelmente, o próximo mandato presidencial.

Notícias em comentários sobre o acordo saíram na BBC, Estadão, UOL, Globo Rural e Infomoney, dentre outros. Ao longo desta semana voltaremos às análises sobre o acordo.

Em tempo 1: Carlos Rittl, do Observatório do Clima, diz no YouTube que o acordo pode ser um sinal verde para a expansão do agronegócio sobre a Amazônia e o Cerrado. Se a Europa continua comprando nossa soja e carne, diz ele, é porque quer o menor preço, apesar das declarações contrárias ao desmatamento.

Em tempo 2: Antes da reunião do G20, governo e analistas brasileiros reagiram às preocupações da chanceler Angela Merkel com o desmatamento e os Direitos Humanos no Brasil, segundo relatam a Deutsche Welle e o UOL. Bolsonaro acha que existe uma “psicose ambiental” contra o Brasil. Em artigo publicado no Estadão, Plínio Nastari, da consultoria Datagro, tenta mostrar que o Brasil preserva muito mais que a Alemanha. O consultor usa, para isso, dos números distorcidos gerados pela Embrapa Territorial às intenções sinceras, mas ainda muito distantes da realidade, do Renovabio.

Dizer que a Alemanha acabou com suas florestas em tempos passados não serve de desculpa para a destruição das nossas. Aliás, como não existem muita preocupação com fatos, cabe lembrar que só neste século o Brasil desmatou uma área maior do que toda a Alemanha, sem que a desigualdade e o desemprego tenham diminuído.

 

ClimaInfo, 01 de julho de 2019.

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