Emissão impossível

aquecimento global

O jornalista Simon Kuper, do Financial Times, normalmente escreve sobre esportes. Mas ontem resolveu escrever sobre o aquecimento global, e apresentou uma visão bastante pessimista: “O fato cruel é que ser neutro em carbono seria mais doloroso do que a maioria dos verdes admite (…) Talvez um dia possamos realmente desfrutar de enorme consumo alimentado por energia renovável. Os EUA poderiam tornar-se neutros em carbono rapidamente se racionalizassem roupas, voassem uma única vez por ano, estabelecessem um sério imposto sobre o carbono, e proibissem o fracking, o carvão e as pick-ups Ford F-Series, os veículo mais vendidos no país há 42 anos. Mas ninguém é eleito presidente numa plataforma de declínio econômico. E dado o tempo de permanência do carbono na atmosfera, estas medidas só serviriam para melhorar o clima em algum momento do próximo século.”

Logo a seguir Kuper coloca o Brasil na roda: “Seja como for, tudo isto seria um sacrifício quase inútil, a menos que outros países seguissem o exemplo. É preciso uma ação coletiva para limitar o aquecimento global. Conservadores gostam de gozar das milhagens aéreas de ambientalistas, mas não vale a pena um país ser neutro em carbono se todos os outros seguem alegremente, enquanto o Brasil devasta a Floresta Amazônica.”

Kuper pensa que é necessária uma classe política obcecada pelo clima e pela engenharia, só então poderemos levar a crise climática a sério.

 

ClimaInfo, 5 de julho de 2019.

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