Aprovar acordo UE-Mercosul seria suicídio político para Macron

acordo UE-Mercosul

Aprovar acordo UE-Mercosul seria suicídio político para Macron. A agricultura representa menos de 5% da economia francesa, mas a atividade ocupa quase metade da superfície do país. O salão da agricultura, megaevento que ocorre todo inverno em Paris, continua sendo o mais importante ponto de peregrinação para os políticos franceses e um teste de popularidade decisivo para presidentes e presidenciáveis. Outra força política hoje muito importante na França são os ecologistas, os quais recentemente superaram os socialistas nas eleições para o parlamento europeu. Para chegar a 2022 em condições de vencer a direitista Marie Le Pen, Macron tem que consolidar sua aliança com os ecologistas e os ruralistas franceses, desafio quase que hercúleo.

Como escreve Mathias Alencastro na Folha, frente a esta situação, aprovar o acordo UE-Mercosul seria um ato de suicídio político: “Numa só tacada, (Macron) alienaria o apoio dos ecologistas, lançaria a pré-candidatura de Nicolas Hulot e entregaria de bandeja todas as lideranças ruralistas a Marine Le Pen”.

Alencastro continua: “No melhor dos casos, Macron vai esperar dias melhores para tentar ratificar o acordo no Parlamento. Num cenário irrealista de vitória esmagadora como em 2017, ele poderia tentar aprovar o acordo no Congresso logo depois das eleições de 2022. Caso contrário, ele pode sabotar o acordo para satisfazer sua base em pleno ciclo eleitoral (…) Nesse contexto, o governo Bolsonaro, sua imagem calamitosa na Europa e suas provocações inúteis não passam de um bom álibi para Macron ajustar sua decisão em função das angústias dos camponeses e fazendeiros franceses.”

 

ClimaInfo, 9 de julho de 2019.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)