Ondas de calor cada vez mais perigosas e destrutivas

ondas de calor

O nome de um stand-up-comedy em cartaz em Londres na semana passada, no pico das ondas de calor europeias, era “Shall we all just kill ourselves?” (Que tal simplesmente nos matarmos?), como conta Mathew Green na Reuters.

Para que isto não soe como alarmismo de mau gosto, basta lembrar que António Guterres, secretário-geral da ONU, nas suas chamadas aos países para que aumentem suas ambições climáticas, disse que falharmos em cortar radicalmente nossas emissões será suicídio. Ele também disse que a onda de calor, a segunda neste ano na Europa, é um ligeiro aperitivo.

Mais que o desconforto, as ondas de calor são mortais. A onda de 2003 matou cerca de 70 mil pessoas na rica Europa. Boa parte dos mortos foram idosos que moravam sozinhos e que, durante as férias da família, não tinham a quem recorrer. Lição aprendida, não se morre mais como antes.

O organismo humano suporta temperaturas acima de 45°C, desde que a umidade permaneça baixa. Quando ambas sobem, o que é medido pela temperatura de bulbo, o corpo padece ou perece. Nossos corpos não aguentam mais de 4 horas sob temperaturas de bulbo acima de 35°C.

O suor retira o calor interno do corpo e o leva para o exterior. Quando o ambiente está quente e úmido, o suor não consegue secar e a pele úmida não deixa mais suor se formar, de modo que o corpo passa a cozinhar em fogo brando. A lição foi publicada em vários lugares na semana passada, dentre as quais no The Independent.

A onda de calor parece ter se desviado rumo ao norte, onde prevê-se que derreterá mais gelo na Groenlândia do que o normal nos verões, o que elevará um pouquinho o nível do mar, como conta artigo da Reuters que foi traduzido pelo O Globo.

Em tempo: nos Alpes, rotas clássicas de escalada estão sendo abandonadas depois que parte das geleiras se foram. Onde antes existia gelo sobre o qual caminhar, agora são apenas pedras soltas, esperando somente uma pequena pressão para rolar morro abaixo. Gersende Rambourg escreveu para a AFP um artigo que foi reproduzido pela Folha.

 

ClimaInfo, 29 de julho de 2019.

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