Como os Povos Indígenas vivem as ameaças do governo Bolsonaro?

Adriano Karipuna

Segundo Adriano Karipuna, “a floresta vem sendo destruída desde 2015. Mas a ação desses invasores tem aumentado desde que o presidente Jair Bolsonaro começou a fazer discursos de ódio na campanha do ano passado, jogando a sociedade contra os Povos Indígenas. Já ameaçaram a gente de morte, eu e meu irmão, já mandaram recado que eles sabem por onde a gente anda e que podemos ser executados a qualquer momento.”

Karipuna conversou com Hanrrikson de Andrade, do UOL. O jornalista conversou também com Alessandra Munduruku e Makarutu Waiãpi.

Alessandra diz que “é como se os nossos corpos fossem um problema, como se a gente estivesse atrapalhando. Essa última agora [invasão], nós conseguimos expulsar os madeireiros, mas o medo não termina. Eles sabem quem é quem, sabem quem é Cacique, sabem quem são as lideranças que estão fazendo denúncias (…) A gente sabe que vai sair, mas não sabe se vai voltar.”

Makarutu, que vive o luto pelo assassinato do Cacique Emyra ocorrido na semana passada, fala da dificuldade de encontrar os responsáveis: “Os policiais não vasculharam todos os caminhos, tem muitas outras áreas que precisam ser analisadas. Eles [garimpeiros] estão se movimentando pela mata. Há, sim, o perigo disso [tentativa de invasão] ocorrer novamente porque eles estão lá, mas ninguém sabe onde [exatamente] eles estão.”

Em tempo: a União Europeia afirmou, na 3a feira (30/7), que a proteção dos direitos de Povos Indígenas é um dos “elementos essenciais” do acordo de livre comércio fechado há um mês entre o bloco e o Mercosul, ainda a ser ratificado por ambas as partes, segundo relata a BBC. O porta-voz europeu comunicou oficialmente que o acordo exige a seus signatários “o respeito e a promoção dos princípios democráticos, direitos humanos e liberdades fundamentais, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros instrumentos internacionais.”

 

ClimaInfo, 01 de agosto de 2019.

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