E segue a novela dos dados de desmatamento do INPE

desmatamento

Os números mensais sobre o desmatamento “não estão corretos” e o governo abrirá uma licitação para ter um novo sistema de monitoramento, foi o que anunciou ontem o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, ao lado de Bolsonaro, do general Augusto Heleno e do ministro das relações exteriores.  Segundo informam a Folha e O Globo, Bolsonaro disse na coletiva convocada no Planalto que “os números (…) foram espancados, com o objetivo, ao que parece, de atingir o nome do Brasil e do governo”.

Segundo o Estadão, Salles prometeu equipar o corpo técnico do INPE com servidores permanentes. Disse ele que, hoje, são bolsistas do CNPq que fazem o monitoramento, mostrando desconhecer completamente ambos os sistemas, o de monitoramento e o de remuneração de pesquisadores no Brasil. Por seu lado, Bolsonaro defendeu a responsabilização das pessoas que divulgaram dados alarmantes com objetivo de prejudicar o governo e a imagem do país.

Em nota, o INPE disse ter “confiança na qualidade dos dados produzidos pelo Deter”.

Para o Observatório do Clima, o governo apresentou nesta coletiva “uma mentira, uma fraude e uma falsa solução para o problema”.

A mentira veio de Bolsonaro, quando este sugeriu ter o INPE divulgado os dados à imprensa por má fé. Acontece que o INPE não ‘divulgou’ os dados; estes estão disponíveis diariamente na internet na plataforma TerraBrasilis. A fraude veio de Salles, quando este “tentou desqualificar o DETER apresentando uma análise de seus dados feita com observações selecionadas a dedo”. E a falsa solução veio dos dois, ao proporem “contratar, com dinheiro público, um novo sistema que use imagens Planet para dar ‘informações mais detalhadas’”.

A cada novo capítulo desta novela, aumenta a suspeita de que Salles quer justificar a compra um sistema privado de monitoramento, talvez na esperança de poder controlar a informação.

Em tempo: o OC explica nesta thread, com bom humor, as distorções da argumentação de Salles.

 

ClimaInfo, 2 de agosto de 2019.

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