Um ministro-astronauta da não-ciência

Bernardo Esteves observou, na Piauí, que no anúncio do novo sistema de monitoramento do desmatamento estavam presentes o presidente, o ministro do meio ambiente, o ministro das relações exteriores e o general Augusto Heleno. O ministro-astronauta não foi convidado, embora seja hoje o responsável pelo INPE e pelos sistemas que monitoram o desmatamento. Para Esteves, isto mostra que a ciência não faz parte do novo governo.

O artigo traz opiniões de vários cientistas preocupados com a ciência no Brasil e com o desmatamento na Amazônia. Vale destacar uma fala de Ildeu Moreira, da SBPC, quem ligou o ataque ao INPE ao ataque ao IBGE (na questão do Censo) e à Fiocruz (na pesquisa sobre drogas): “Esse é um movimento que desvaloriza o conhecimento científico e sinaliza o incômodo provocado por dados produzidos por instituições que são do Estado brasileiro”. Pelo jeito, o governo não sabe o que é ciência, meio ambiente e a diferença que há entre ele e o Estado brasileiro.

No final de semana, Marcelo Leite mostrou na Folha que a ciência brasileira trabalha hoje com ¼ dos recursos de que dispunha há quatro anos. Para aqueles que acham que a ciência nada tem de especial, que não é o único setor do Brasil a enfrentar penúria de verbas, Marcelo responde que sim, a ciência tem algo de especial: segundo a SBPC, “para cada real investido em pesquisa [estima-se que] haja um retorno econômico de até 12 reais, a depender da área do conhecimento. Cerca de 70% do PIB dos países industrializados são gerados na economia do conhecimento.”

Em tempo: um artigo da Nature fala da súbita entrada de oficiais do exército para filmar os presentes a uma reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência no mês passado, o que lembrou atos semelhantes ocorridos durante a ditadura militar.

 

ClimaInfo, 8 de agosto de 2019.

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