O novo e caro sistema de monitoramento da Amazônia que o Pará não quis

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O governo quer comprar uma licença anual do sistema de monitoramento da Planet, que fornece e interpreta imagens que, comparado com os sistemas do INPE, tem uma maior resolução espacial e uma maior frequência captura. Para Tasso Azevedo, um dos criadores do MapBiomas, o sistema “tem tanta resolução que acaba gerando muito dado. É preciso muito mais capacidade de processamento para poder avaliar tudo.”

O MapBiomas é um sistema de mapeamento desenvolvido por uma rede colaborativa de especialistas de universidades, institutos e ONGs que trabalham com sensoriamento remoto. Ele parte dos dados do INPE e acessa imagens selecionadas do sistema Planet de lugares específicos para poder validar e qualificar a informação. Tasso explica que “compramos imagens para lugares específicos onde o DETER já identificou um desmatamento. É possível, claro, fazer isso para a Amazônia toda, mas é algo bastante custoso. Se o governo tem recursos para comprar isso, deveria entregar essas imagens para o INPE. Ninguém tem melhor capacidade para processar isso hoje no Brasil do que eles.”

A esse respeito, o ministro Salles contou à BBC mais uma das suas. “Por uma razão que até hoje não entendemos, [o pessoal do MapBiomas] não quer que o governo tenha as mesmas imagens.” Talvez, ministro, seja a economia.

O governo do Pará fez testes com o sistema Planet. O secretário de Meio Ambiente, Mauro Almeida, diz que o preço foi um dos motivos pelos quais o Estado decidiu não ficar com o sistema. Eles teriam que bancar um custo inicial de R$ 3,5 milhões e mais uma anuidade de R$ 4,5 milhões pelo serviço. Almeida diz que “para nós, o que vem do INPE foi considerado suficiente. Se eu tenho plataformas gratuitas, inclusive com o trabalho do MapBiomas, que contemplam o que eu preciso, não vou gastar essa fortuna.”

Giovana Girardi, no Estadão, e André Borges, também do mesmo jornal, deram a notícia.

Já o governo de Mato Grosso decidiu bancar a despesa. Ou melhor, irá usar recursos alemães para tal. A notícia saiu n’O Globo e também no Estadão.

 

ClimaInfo, 16 de agosto de 2019.

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