Austrália defende seu carvão e bloqueia apoio às ilhas do Pacífico

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O governo da Austrália bloqueou os esforços dos países insulares do Pacífico que queriam adotar uma linguagem mais forte para o enfrentamento da mudança climática na declaração final do Fórum das Ilhas do Pacífico na semana passada.

O primeiro ministro das Ilhas Fiji, Frank Bainimarama, expressou seu desapontamento: “Viemos a uma nação que corre o risco de desaparecer nos mares, mas, infelizmente, nos limitamos ao status quo no nosso comunicado. Uma linguagem climática diluída tem consequências reais, como casas, escolas, comunidades e cemitérios ancestrais alagados.”

O Fórum reuniu líderes de 18 países. O primeiro ministro australiano, Scott Morrison, foi eleito recentemente com o apoio declarado da indústria do carvão de lá. O Financial Times e a Reuters deram a notícia.

O The Guardian conta que a presidente de Kiribati, Anote Tong, pediu para se reavaliar a participação da Austrália no Fórum. “Qual a relevância dos constante protestos da Austrália no Fórum? Se continuar nessa linha, ela coloca em perigo os demais países do Fórum. Como você pode justificar fazer parte de uma família e parte de um grupo que está tentando destruir?”

Enquanto Morrison participava do Fórum, o primeiro ministro em exercício, Michael McCormack, colocou ainda mais carvão na fogueira com um comentário que revelou o tamanho do seu desprezo e preconceito contra os insulares. “Fico um pouco chateado quando vemos pessoas nesses tipos de países apontando o dedo para a Austrália e dizendo que devemos fechar todo nosso setor de recursos para que, vocês sabem, eles continuem a sobreviver. Eles continuarão a sobreviver, não há dúvidas, e isso com uma substancial ajuda assistencial da Austrália. Eles continuarão a sobreviver porque muitos dos seus trabalhadores virão para cá colher nossas frutas.” As declarações de McCormack saíram no The Guardian.

O carvão australiano reviveu com a reeleição de Morrison e a autorização para a gigante indiana Adani explorar sua imensa reserva de carvão no nordeste australiano. Boa parte desse carvão irá para uma termelétrica indiana de US$ 2 bilhões que a Adani está construindo na fronteira com Bangladesh, que é para onde parte da eletricidade será vendida. A matéria do New York Times leva o título de “Como um bilionário consegue manter três países adictos em carvão durante décadas”. E o subtítulo da matéria da Bloomberg é “A Índia é o mercado de carvão que mais cresce no mundo. Por que os investidores estão caindo fora?”

 

ClimaInfo, 19 de agosto de 2019.

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