O espectro da internacionalização da Amazônia

internacionalização da Amazônia

As declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, reacenderam um fantasma antigo – o da internacionalização da Amazônia. Bolsonaro, seja por acreditar, seja por querer usar o tema, só fala disso ao invés de tomar providências para apagar o fogo.

Ontem, O Globo conversou com especialistas que não acreditam que exista qualquer intenção, e muito menos a possibilidade, de algo assim ser levado à sério. No entanto, há uma discussão séria por trás das bravatas nacionalistas: queimar a floresta toda elevaria em um bom tanto a temperatura do planeta e, por isso, fazem sentido os que dizem que o Brasil não deveria poder fazer o que quiser. Quinta Jurecic, no New York Times, escreveu um artigo cheio de perguntas não respondidas sobre o que é soberania e o que é responsabilidade perante o resto do mundo.

O ambientalista suíço, Bertrand Piccard, disse a Lucas Neves, da Folha: “O mundo é interdependente. Não se pode falar em questão nacional quando as consequências são claramente internacionais.” Piccard complementa dizendo: “Visto que a Amazônia é um bem da humanidade, é natural que ela, a humanidade, pague por isso. Esses recursos ajudariam a criar empregos no Brasil, seriam uma retribuição justa ao país pelos serviços prestados na preservação da floresta.”

Rubens Valente, na Folha, resgata uma das doutrinas militares da época da ditadura, aquela que dizia ser necessário ocupar a Amazônia para não a entregar a interesses internacionais. Desta doutrina nasceu a Transamazônica, por exemplo.

Valente diz que “a teoria conspiratória da internacionalização da Amazônia foi construída a partir de suspeitas infundadas, frases de autoridades estrangeiras pinçadas fora do contexto em que foram ditas e supostos estudos que nada comprovam. Em resumo, ela afirma que ONGs e indígenas pretendem, em conluio com países estrangeiros, dividir a região por meio da independência de algumas de suas áreas.”

Bolsonaro recebeu uma mensagem do presidente Trump dizendo que “Ele (Bolsonaro) e seu país têm o apoio total dos EUA”.

Pelo jeito, mais vale uma mensagem voando do que US$ 20 milhões na mão. A notícia saiu no Valor.

 

ClimaInfo, 28 de agosto de 2019.

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