Míriam Leitão, na sua coluna n’O Globo, conta que há um movimento da China na direção de um consumo mais sustentável. Em uma reunião com gente do agronegócio, um representante da mega–trading estatal chinesa, COFCO, disse: “Vamos comprar mais de vocês, desde que seus produtos tenham sustentabilidade.” Segundo Miriam, a palavra ‘sustentabilidade’ foi repetida outras 12 vezes na fala.
Miriam conta que “uma pesquisa, citada pelo executivo da estatal chinesa, mostrou que 50% dos consumidores chineses de 18 a 35 anos querem saber o que comem, de onde vem e como é produzido.” Depois de mostrar como as políticas, ações e discursos do governo brasileiro vão exatamente no sentido contrário, ela termina o artigo dizendo que esta exposição negativa na imprensa mundial e este recado do trader chinês alerta sobre o perigo econômico e ambiental: “Os consumidores do mundo querem comprar o alimento brasileiro, mas não ao custo da ameaça aos Povos Indígenas, não ao custo da destruição da Amazônia, bioma que é amado em todo o planeta.”
Já Luiza Duarte, correspondente da Folha na Ásia, diz o contrário: “A preocupação dos jovens chineses parece estar muito mais atrelada aos impactos em saúde e segurança alimentar, dado o histórico de escândalos de vigilância sanitária, do que em escolhas de consumo que pensam nos impactos no meio ambiente.” Levando em conta que a China é o maior comprador de soja e de proteína animal, e que boi e soja estão inevitavelmente ligados ao desmatamento, Duarte termina dizendo que “a China tem um papel central no comércio mundial dos dois principais produtos associados à linha de frente do desmatamento e não está preocupada com práticas sustentáveis fora de casa. No novo cenário de guerra comercial de longo prazo entre China e Estados Unidos, em que produtos americanos foram taxados pelos chineses e vice-versa, o Brasil aparece como o fornecedor-substituto natural. As vendas e as queimadas bateram recordes.”
ClimaInfo, 29 de agosto de 2019.
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