Queimadas amazônicas provocam retaliações e ameaças a produtos brasileiros

couro

Anteontem, o couro brasileiro foi colocado na geladeira pela VF Corporation, dona de marcas como Timberland, The North Face, Kipling e Vans (a ministra Tereza Cristina rapidamente disse que a suspensão de compras não é definitiva. A ver).

Ontem, surgiram ameaças semelhantes para outros setores. O Banco Nordea, o maior dos países nórdicos, colocou o Brasil em quarentena, suspendendo a compra de títulos do governo. O banco diz ter identificado risco de desmatamento e planos do governo para o afrouxamento da proteção ambiental, o que poderia afetar a estabilidade política, ameaçar o acordo comercial com a União Europeia e levar empresas europeias a boicotar produtos agropecuários brasileiros.

Por seu lado, o governo norueguês fez uma reunião com três grandes corporações das quais detém controle, e que têm presença forte no Brasil. Na reunião o ministro do Meio Ambiente, Ola Elvestuen, pediu à petroleira Equinor, à Norsk Hydro (alumínio) e à Yara (fertilizantes) que dessem garantias de que não estão contribuindo para o desmatamento na Amazônia.

Ainda da Noruega, a Mowi, a maior produtora de salmão do mundo, avisou que deixará de comprar soja brasileira se o desmatamento não acabar: “O tratamento dado à Amazônia é inaceitável. A Mowi terá que considerar a possibilidade de procurar outras fontes de matéria-prima a menos que a situação melhore.” A Mowi usa a soja como ração para sua criação.

E a central de agricultores europeus Copa-Cogeca pediu a inclusão de garantias ambientais mais fortes no texto do acordo Mercosul-União Europeia: “No estado atual das coisas, não sabemos como a Comissão Europeia evitará os duplos padrões de produção entre agricultura dos dois lados do Atlântico, ou como ela poderá se assegurar dos controles efetivos num país com uma agricultura tão diversa como o Brasil. Nós nos batemos sobre isso antes dos incêndios na Amazônia, mas a questão que se coloca hoje é, uma vez as chamas apagadas, com a pressão midiática diminuída, o que vai acontecer a esse acordo?” A central diz estar disposta a abrir mão da promessa de uma ajuda adicional de até um bilhão de euros em troca da reabertura do Acordo.

Em tempo 1: matéria do Mongabay sobre a cadeia da carne e couro liga empresas brasileiras e chinesas a marcas como Adidas, Nike, DFS, Ikea, BMW, Daimler, General Motors e Volkswagen e fala dos riscos da exposição destas marcas globais ao desmatamento.

Em tempo 2: examinando 15 importadores norte-americanos e europeus, uma pesquisa da Global Canopy observou que apenas 3 deles se comprometem a evitar produtos ligados ao desmatamento.

 

ClimaInfo, 30 de agosto de 2019.

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