Bolsonaro, mentiras e soberania

1 de setembro de 2019

A reação da mídia internacional às falas de Bolsonaro e de seu núcleo duro, que acusam o mundo de querer roubar a Amazônia, foi, inicialmente, de descrédito. Mas, nos últimos dias, algumas matérias tentam explicar de onde vem este discurso.

A Reuters diz que, para entender a recusa de ajuda estrangeira, seria preciso perguntar aos militares. A matéria fala da doutrina da ditadura e como o capitão-presidente ainda é prisioneiro daquele modelo.

O Wall Street Journal dá (mais um) voto de confiança, dizendo que o governo está preocupado e que tem tomado medidas para conter os incêndios e evitar a destruição da região. Traz a voz do chefe de uma companhia madeireira de Rondônia dizendo que “o maior problema agora é a mídia e as ONGs. Eles estão se juntando contra o presidente.” O jornal não procurou o contraditório.

Na 6ª feira, Bolsonaro disse ter conversado com a chanceler alemã Angela Merkel. Segundo ele, Merkel teria reafirmado a soberania brasileira na Amazônia. Mas Bolsonaro disse, também, que o governo alemão havia pedido informações sobre os incêndios que “demonstram que a área com queimadas no Brasil teve um decréscimo entre janeiro e agosto de 2019, levando-se em conta o mesmo período de 2018, o que prova o compromisso do nosso governo com a questão ambiental”. Não se sabe de onde Bolsonaro tirou isso, posto que uma simples consulta ao site do Copernicus, da União Europeia, mostra que os técnicos consideram a quantidade de incêndios acima do normal em toda a região. E o Copernicus traz uma mensagem de cautela: “A estação de incêndios na Amazônia deve durar até outubro, assim, ainda é muito cedo para dizer se 2019 será um ano particularmente fora do normal.” O Valor e a Agência Brasil deram a notícia.

Segundo o Congresso em Foco, Bolsonaro voltou a ameaçar com a revisão das demarcações de Terras Indígenas, sugerindo que alguns índios estão vendendo suas terras para estrangeiros que querem explorar a floresta. Como sempre, não apresentou uma única evidência de que isso pudesse ter acontecido.

No mundo real, o UOL relata que Bolsonaro descumpriu o prazo de 72 horas dado pela Justiça para que apresentasse as medidas adotadas pelo governo para o controle das queimadas ou a minimização de seus efeitos. Com o descumprimento da ordem, Bolsonaro será representado à Procuradoria-Geral da República.

Em tempo 1: vale dar uma lida na coluna da Miriam Leitão, n’O Globo, sobre a reação da sociedade brasileira em face à sucessão de mentiras, falta de ação ou de ações equivocadas do governo Bolsonaro.

Em tempo 2: o ex-ministro Armínio Fraga reclama n’O Globo das falas e ações desastradas do atual governo, que não farão bem para os setores exportadores e a economia do país.

 

ClimaInfo, 2 de setembro de 2019.

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