Pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia

desenvolvimento sustentável

Os incêndios reavivaram a discussão sobre como promover um desenvolvimento sustentável na imensidão da Amazônia. A maioria das matérias a respeito fala nas oportunidades da exploração da biodiversidade. Os já consagrados exemplos são os cosméticos e o imenso leque de frutos potencialmente comercializáveis.

O professor Carlos Nobre prega alavancar uma Amazônia 4.0, o que envolve construir laboratórios criativos para mapear o genoma das espécies de plantas e animais. Há a perspectiva de implementar um laboratório para a borracha. Nos planos, a implantação de dez a 13 desses laboratórios com diferentes cadeias de valor. Nobre detalhou suas ideias em uma longa entrevista para a Unisinos no ano passado.

Rodrigo Martins, na Carta Capital, fala da baixa produtividade da pecuária na região, na qual cada boi ocupa uma área maior do que um campo de futebol. Ele propõe uma comparação interessante: “Com 750 mil quilômetros de território desmatado, a região contribui com 14,5% do valor do produto agropecuário do país. Em uma área quase quatro vezes menor, o estado de São Paulo entra com 11,3%.” Para Rodrigo, os caminhos passam pela rota percorrida pelo açaí e por produtos tradicionais como o cacau e a madeira certificada.

O Financial Times, em editorial, afirma que a preservação da Amazônia requer da comunidade internacional mais cenouras do que porretes. ‘Porretada’, por exemplo, foi o G7 discutir o que fazer sem convidar nenhum dos governantes dos países amazônicos. ‘Cenouras’ como o Fundo Amazônia devem ser retomadas: “São necessárias mais iniciativas deste tipo. Acima de tudo, os consumidores e os investidores devem se tornar mais conscientes das consequências ambientais das suas decisões e agir em conformidade. Cerca de um quinto da Floresta Amazônica já foi perdido. O tempo está se esgotando para salvar o restante.”

Também no Financial Times, Sylvia Coutinho, do banco suíço UBS, disse que é preciso repensar o modelo de desenvolvimento e encontrar usos sustentáveis para a terra. Ela defende que se possa compensar as emissões da aviação internacional preservando o carbono fixado na floresta e estima que a preservação poderia envolver valores em torno de US$ 750 bilhões.

João Fellet, da BBC, foi à Terra Indígena Wawi, para falar da história dos índios Kisêdjê, povo que acaba de ganhar o prêmio Equatorial da ONU por um projeto de aproveitamento do pequi. Fellet conta que “no caso do óleo de pequi, a coisa vai além, pois os frutos são colhidos em terras que estavam degradadas após terem sido ocupadas por pecuaristas no passado. Depois de retomarem o território, nos anos 1990, os Kisêdjê espalharam pequizeiros pelas pastagens – que, aos poucos, recuperam sua feição original de floresta de transição entre o Cerrado e a Amazônia.” Vale ler o artigo todo, cheio de casos de tribos que estão aproveitando o conhecimento e a natureza para desenvolver alternativas econômicas sustentáveis.

 

ClimaInfo, 11 de setembro de 2019.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)