Bolsonaro na ONU, para o mundo ver

Bolsonaro

O discurso do Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU não teve improvisos e ‘taokeis’. Nem dados e fatos para substanciar seus ataques. E ele atacou lideranças indígenas, Cuba, Venezuela e a própria ONU. Atacou também, em vários momentos, as mídias nacional e internacional. Como é de seu costume, sem citar nomes ou países, atacou Macron e Merkel, chamando-os de colonialistas. Acusou estes dois líderes, junto com outros inominados, de terem ambições pelas riquezas da Amazônia.

Também sem citar dados ou fatos, disse que os incêndios na Amazônia estão dentro da normalidade. Nesta hora, admitiu que parte deles são ilegais, sem se dar ao trabalho de explicar por que não está combatendo este tipo de crime.

A mídia repercutiu fortemente Bolsonaro ter afirmado que “é uma falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade”, mostrando ignorar que o país tem 22 sítios considerados pela ONU como Patrimônio da Humanidade, dentre os quais uma área grande da parte central da Amazônia.

Tuíte da coordenação do Observatório do Clima disse que “Bolsonaro dobra a aposta, envergonha o Brasil e põe o mundo em risco”.

Em análise do discurso de Bolsonaro, Dani Chiaretti escreveu no Valor que “tanto a fala da ativista sueca Greta Thunberg quanto a do presidente Jair Bolsonaro na ONU criaram desconforto. Mas o impacto foi oposto. Enquanto a garota sueca emociona pela verdade dos argumentos, o discurso de Bolsonaro estarrece e desgosta. Greta quer energias renováveis, mais inovação, planos ambiciosos para o futuro. Bolsonaro ameaça, tem nostalgia de ditadura, vive no tempo da Guerra Fria. A jovem impulsiona o mundo para a frente. Bolsonaro empurra o Brasil para trás.”

Como disse Jamil Chade em seu blog no UOL, Bolsonaro “perdeu sua última oportunidade de ser respeitado”.

Em tempo: o presidente colocou a ONU na roda por ter aplaudido o programa “Mais Médicos” dos governos petistas, que ele entende como tendo sido um “verdadeiro trabalho escravo”.

O discurso repercutiu na mídia do mundo todo. Vale ver as matérias nacionais dos Estadão, Folha e O Globo e também as edições nacionais dos El País, Deutsche Welle (1 e 2), BBC (1, 2, 3 e 4). A Piauí checou as afirmações. O Valor publicou outras 3 matérias com boas análises (1, 2 e 3). Tem análises interessantes também na Época e no blog do Kennedy Alencar. Na mídia internacional, vale destacar as matérias que saíram nos La Nación, The Guardian, Le Figaro, Le Monde , Huff Post e trechos das matérias do New York Times e da Deutsche Welle.

 

ClimaInfo, 25 de setembro de 2019.

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