Para entender o mercado internacional de petróleo

mercado internacional de petróleo

Dois artigos do New York Times servem para dar uma boa ideia do que acontece com o mercado internacional de petróleo, com as grandes corporações e os impactos que sofrerão por conta do aquecimento global.

Robert Kleinberg abre seu artigo dizendo que o preço do petróleo permaneceu praticamente o mesmo apesar do recente bombardeio de uma refinaria e um campo de exploração na Arábia Saudita, e de o Reino Unido e o Irã apreenderem navios petroleiros um do outro. Algo que seria inimaginável há 10 ou 15 anos.

Se a OPEP era uma força dominante capaz de determinar na prática o preço do barril, hoje, este lugar está e deverá permanecer vago. Kleinberg diz que os campos de fracking dos EUA mudaram o panorama do mercado internacional de petróleo. Há 5 anos, a Arábia Saudita atacou os produtores norte-americanos forçando um preço baixo, mas não aguentou por muito tempo simplesmente porque o custo de manter sheiks e sua burocracia colocou um limite em quanto daria para baixar o preço do barril.

No entanto, a mudança do clima está sinalizando claramente aos investidores que parte importante das reservas de fósseis e da infraestrutura de petróleo e gás corre o risco de encalhar, algo que afasta aqueles investidores em busca de mais segurança do que agressividade. Kleinberg termina dizendo que a demanda pró-fósseis será decrescente, mas ainda grande, uma perspectiva longe de ser das piores para uma indústria madura.

Stanley Reed conta dos esforços das grandes do óleo frente ao desafio de fazer a transição para um mundo sem ou com poucos fósseis. Ele começa dizendo que “a maioria das grandes empresas petroleiras não negam mais a ligação entre a queima de combustíveis fósseis e a mudança climática. Na verdade, elas estão batalhando para serem vistas como parte da solução, ao invés de serem vistas como uma grande ameaça por parte de cidadãos preocupados.” O artigo fala dos investimentos da Shell em eletricidade limpa e outros movimentos do tipo. Só que, como diz Fred Krupp, do Environmental Defense Fund (EDF), “ainda não vimos seus investimento igualarem suas palavras e refletirem um reconhecimento de que precisam abraçar a transição.”

Reed diz que, entre 2015 e 2018, as grandes petroleiras investiram quase US$ 6 bilhões em fontes limpas. Isso corresponde a 5% do que investiram em prospecção, exploração e no mercado de fósseis. A Shell anunciou que planeja investir entre US$ 1 a 2 bilhões por ano em renováveis, menos de 10% dos US$ 25 bilhões destinados a investimento em petróleo e gás.

Vale lembrar que nenhum dos dois artigo tocou na quantia astronômica de subsídios que governos de quase todos os países empatam em combustíveis fósseis.

 

ClimaInfo, 08 de outubro de 2019.

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