No verão deste ano, no hemisfério Norte, incêndios queimaram cerca de 70.000 km2 da floresta boreal russa, uma área dez vezes maior do que a perdida pela Floresta Amazônica em todo o ano passado. A floresta russa cobre uma área de 12 milhões km2, mais de duas vezes o tamanho da Floresta Amazônica presente em 9 países da América do Sul. As duas florestas têm em comum uma mesma ameaça: os madeireiros ilegais. Aqui, a cobiça é pelo ipê, pelo mogno e outras madeiras de lei. Na taiga russa, o cedro é cobiçado pela indústria chinesa. Cerca de ⅔ das exportações de madeira da Rússia vão para a China. Embora o governo daquele país diga que menos de 5% da exploração seja ilegal, analistas estimam que a ilegalidade gire entre 15% e 30%.
Do ponto de vista do clima, enquanto a Amazônia é importante pelo carbono estocado acima do solo – nos troncos, galhos e folhas -, a floresta boreal russa é importante pelo carbono estocado abaixo da superfície.
Lá, existe uma dupla ameaça que não sofremos por aqui. A floresta em pé é uma esponja que absorve as fortes chuvas que despencam, concentradas de uma só vez. Sem elas, as inundações como as que ocorreram neste ano ficarão piores a cada ano. E a floresta em pé é crucial para manter quantidades imensas de carbono no solo, alimentando os microorganismos que, por sua vez, alimentam as árvores. Sem elas, este carbono acaba alimentando outros microorganismos que o ‘devolvem’ para atmosfera sob a forma de dióxido de carbono ou, ainda pior para o clima, sob a forma de metano.
Os incêndios na Amazônia atraíram a atenção do mundo. Os da taiga russa mal incomodaram alguém fora do país.
A Climate Change News trouxe uma matéria longa sobre os incêndios russos.
floresta
ClimaInfo, 9 de outubro de 2019.
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