Óleo chega aos corais no fundo do mar do Nordeste

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Óleo nos corais: Pesquisadores encontraram petróleo no fundo dos parrachos de Pirangi, RN. Parrachos são aquelas piscinas formadas por recifes de corais. As análises do tipo de óleo estão sendo feitas para determinar se se trata do mesmo óleo encontrado nas praias. Carlos Madeiro, do UOL, conta que havia a presença do óleo nas camadas superficial e interna do fundo dos corais. Patrícia Eichler, da UFRN, disse que o óleo penetrou “nas camadas mais internas do solo marinho. O que isso acarreta é que não mata apenas a epifauna —que vive sob o fundo do mar -, mas também a infauna – que vive dentro do sedimento marinho a até a 10 cm [de profundidade]. É um impacto ambiental violento”. Eichler conta que, ao entrar em contato com a água, o óleo libera ácido sulfídrico, aumentando a acidez do fundo marinho e prejudicando toda a cadeia ambiental.

Óleo perto dos Abrolhos: as manchas de petróleo estão se aproximando do arquipélago dos Abrolhos, no litoral Sul da Bahia. Segundo o UOL, “a Marinha informou que as ilhas ainda não foram atingidas. O arquipélago detém os bancos de corais de maior diversidade do Atlântico Sul, protegidos pelo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos.”

Emergência em Pernambuco: o governo federal reconheceu ontem  (23) situação de emergência na cidade de São José da Coroa Grande, no litoral sul de Pernambuco. Em situação de emergência, o município consegue recursos federais para limpeza das localidades afetadas e transporte do material removido.

Bolsonaro quer manifestação da Venezuela: em pronunciamento feito ontem à noite, Salles voltou a dizer que a origem do óleo é venezuelana; disse também que Bolsonaro determinou encaminhamento de solicitação formal à Organização dos Estados Americanos para que a Venezuela se manifeste sobre o material coletado: “Esse processo investigativo tem como principal objetivo determinar as causas e origens desse óleo e, com isso, não apenas fazer cessar o seu aparecimento no litoral brasileiro, mas também obter informações que nos permitam responsabilizar aqueles que tenham contribuído para esse desastre ambiental”.

Protestos: O Greenpeace organizou um protesto em frente ao Palácio do Planalto em Brasília ontem pela manhã. Para mostrar que não aceita “a política antiambiental do governo Bolsonaro, levamos de maneira simbólica o derramamento de óleo do Nordeste e a Amazônia destruída para o local de trabalho do Presidente da República.” A organização acrescentou ao protesto um outro dirigido ao petróleo em si e ao aquecimento global que decorre da queima de seus derivados. “Enquanto o óleo se espalha, o governo Bolsonaro segue realizando leilões e oferecendo mais de dois mil blocos de petróleo em diversas áreas sensíveis social e ambientalmente, da costa brasileira à Floresta Amazônica”, disse Thiago Almeida. “Vivemos uma emergência climática, precisamos abandonar os combustíveis fósseis e acelerar a

transição para uma matriz energética 100% limpa e renovável.”

No rastro da inépcia: José Casado, n’O Globo, escreveu sobre as andanças, falas e fotos do ministro Salles enquanto o petróleo se espalhava pelo litoral brasileiro: “Passaram-se 50 dias. No rastro da inépcia, a Justiça mandou o governo federal tomar providências. O ministro Salles, agora, tem ordem judicial para trabalhar.”

Sem diretor de emergências: O Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos do ministério do meio ambiente é responsável por cuidar das emergências ambientais. Salles havia demitido o último diretor em março. Segundo o Yahoo Notícias, o cargo ficou vago até o começo de outubro, quando nomeou Luiz Gustavo Gallo Vilela, 35 dias depois de a primeira mancha aparecer no litoral.

 

ClimaInfo, 24 de outubro de 2019.

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