PRODES 2019: mais pedidos de ação do governo contra o desmatamento

Suely Araújo

Pesquisadores e especialistas ouvidos por Giovana Girardi, do Estadão, concordam com Suely Araújo, ex-presidente do Ibama: o caminho para conter o desmatamento já é bem conhecido – tanto que o governo federal conseguiu reduzi-lo ao menor nível da série histórica em 2012 (taxa de 4.571 km²). A fórmula está estabelecida no Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM), criado em 2004 e que deveria agora estar em sua quarta fase: retomar essas atividades (regularização fundiária; maior ênfase em monitoramento e controle; fomento a atividades produtivas sustentáveis; e incentivo econômico para a floresta ficar em pé).

Thelma Krug, do INPE, uma das responsáveis pela implantação do PRODES e pelo PPCDAM, também critica a potencial expansão da cana-de-açúcar na Amazônia e no Pantanal.

O economista Ricardo Abramovay, da USP, recomenda uma aliança entre ativistas, populações tradicionais, empresários que já investem na economia da floresta em pé e governadores que percebem o imenso prejuízo para seus estados da economia da destruição da natureza: “Enquanto a Mesa Redonda da Soja Responsável (organização internacional que reúne 7 mil produtores no Brasil, na Argentina, nos EUA, na China, em Moçambique, entre outros países) preconiza desmatamento zero (inclusive desmatamento-legal zero), aqui a Aprosoja recebe apoio do governo (do secretário especial para Relacionamento Externo da Casa Civil) ao entrar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (o Cade) contra a Moratória da Soja. Ao mesmo tempo, o governo quer rever o zoneamento da cana-de-açúcar permitindo sua implantação no Pantanal e na Amazônia (o que é técnica e economicamente inviável)”, enumera.  “Isso se soma a um discurso em que protagonistas de atividades ilegais, como invasão de Terras Indígenas e de Unidades de Conservação (garimpeiros, grileiros e madeireiros ilegais) são recebidos por autoridades governamentais como se fossem empreendedores e não autores de delitos”, lembrou.

E o climatologista Carlos Nobre voltou a alertar que o desmatamento pode estar levando a Floresta Amazônica para uma situação na qual esta não mais conseguirá se regenerar. Se o ritmo atual de devastação for mantido (ou aumentar), este “ponto de não retorno” pode chegar já em algum momento entre 15 a 30 anos.

 

ClimaInfo, 20 de novembro de 2019.

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