Especial do Financial Times sobre a Amazônia

Financial Times Amazônia

O Financial Times explica a importância da Amazônia para o mundo e o que pode ser feito para preservá-la para as futuras gerações. O vetusto diário financeiro britânico fez uma longa matéria que abre falando do tamanho do estoque de carbono que a Amazônia retém (o equivalente a 10 anos de emissões globais), da quantidade de carbono que remove da atmosfera e da circulação de água que irriga a terra por toda a América do Sul. A matéria diz que a economia da região teria o potencial de gerar trilhões de dólares de maneira sustentável. E aí vem outro lado: 60% da floresta fica no Brasil e, aqui, o desmatamento só cresce. Perdemos 20% da floresta brasileira e, junto com o desmatamento em países vizinhos, perdemos 17% de toda a Floresta Amazônica. A matéria traz a palavra do procurador federal Joel Bogo, do Acre, que diz que “o desmatamento está sendo impulsionado por interesses empresariais e criminosos que buscam um lucro rápido transformando florestas protegidas em fazendas de gado ou possíveis minas de ouro.” E estabelece uma forte correlação entre o aumento do desmatamento e da criminalidade na região com os sinais de incentivo por parte do ocupante do Planalto.

Bryan Harris escreveu um dos artigos especiais, falando da biodiversidade da região. Ele abre com duas comparações: “Dois hectares de floresta tropical contêm mais espécies de árvores do que toda a América do Norte – e há mais espécies de formigas em uma dessas árvores do que em toda a Inglaterra.” Harris lista uma série de aproveitamentos industriais e medicinais descobertos recentemente para mostrar que a via da bioeconomia já é realidade. O artigo termina dizendo: “Tais esforços, no entanto, requerem planejamento de longo prazo por parte de empresas e governos, bem como programas de educação avançada na região que mais precisa deles – a Amazônia.”

No segundo artigo, Michael Stott, fala das pressões que algumas corporações, na posição de compradoras de produtos brasileiros, fazem em nome da preservação da floresta. Pressão essa que aumentou expressivamente por conta da explosão de incêndios entre agosto e o final de setembro. Stott conta como a ESG (ambiente, sociedade e governança) vem ocupando um espaço cada vez maior dentro das corporações internacionais.

O terceiro artigo é sobre o lado criminoso por trás do desmatamento. “Nas profundezas da Amazônia, grassa um conflito. De um lado, as comunidades amazônicas lutando para proteger suas terras e estilos de vida tradicionais garantidos pela lei brasileira. Do outro, uma rede de interesses políticos, empresariais e criminosos, com a intenção de desmatar florestas protegidas para abrir caminho para a grilagem de terras públicas, para o garimpo ilegal e as lucrativas fazendas de gado.” O procurador Marcos Bogo confessa que “temos poucos procuradores e muitos grupos criminosos. O problema é a escala. É muito grande para nós.”

O quarto artigo é sobre o Equador e a exploração de petróleo feita no meio da floresta, em um parque nacional. Gideon Long conta a história do Parque Nacional Yasuní, “um exemplo clássico de como as boas intenções de proteger o ambiente e os direitos dos Povos Indígenas podem falhar quando enfrentam a realidade política e os interesses do grande capital.”

E ainda tem um quinto artigo sobre a história da Natura na região, que quer ser vista como “a face amiga do capitalismo”.

 

ClimaInfo, 6 de dezembro de 2019.

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