Incêndios das matas australianas destroem quase 190 mil km2 e matam um bilhão de animais

incendios das matas australianas

Os incêndios das matas australianas (bushfires) ocuparam as manchetes nesta virada de ano. Na verdade, começaram em junho e se espalharam, cresceram até que, em dezembro, viraram uma catástrofe de proporções homéricas. A área queimada nesse período chegou a quase 190 mil  km2, um pouco menos do que a área do estado do Paraná. Estima-se que um bilhão de animais morreram queimados ou asfixiados e teme-se que espécies ameaçadas tenham sido extintas. Pelo menos 30 pessoas morreram e milhares de casas e edifícios foram destruídos. A fumaça dos incêndios atravessou o Pacífico, chegou a Buenos Aires e, segundo a BBC, deve dar a volta completa ao mundo. A Vox fez uma matéria com o visual da fumaça sobre o continente.

Toda a mídia nacional e internacional cobriu os incêndios durante semanas. A BBC publicou um guia visual com um bom resumo dos incêndios. O The Guardian publicou uma matéria com seus jornalistas que cobriram a tragédia.

Nos últimos três anos, a temperatura média a cada mês esteve acima da média histórica e, no geral, a temperatura esteve mais de 2oC acima do histórico. O esperado efeito La Niña não veio e deixou menos umidade e menos nuvens sobre os oceanos do entorno e, portanto, sobre o continente. O Dipolo do Oceano Índico também pendeu fortemente para o lado que gera menos chuvas sobre o país. Assim, com o clima mais quente e menos molhado, os incêndios tiveram todas as condições das quais precisavam. A Scientific American publicou um artigo com as explicações da ciência para os incêndios.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, feroz defensor da indústria do carvão, disse que não mudaria sua política carvoeira, apesar das evidências de que a mudança do clima criaram as condições para a devastação do seu país.

Uma das mais renomadas cientistas climáticas australianas, Joëlle Gergis, escreveu no The Guardian temer que o sistema climático global tenha ultrapassado um limiar, que a quantidade de calor armazenado no sistema atmosfera-oceano já não tenha mais volta e acusa o governo australiano de alta traição. Ela cita que a primeira conferência mundial sobre adaptação aconteceu na Austrália em 2010, organizada pela National Climate Change Adaptation Research Facility, que fechou em 2018 por falta de apoio do governo.

Segundo o Financial Times, a pressão sobre o governo também se estende sobre os grandes fundos de investimento australianos que, nos últimos tempos, vem apoiando governos e políticas pró-carvão e anticlimáticas.

Fiona Harvey registrou, no The Guardian, o aviso da ciência sobre os incêndios serem uma prévia de um mundo 3°C mais quente, em dias cada vez mais próximos.

Como se não bastasse, neste final de semana, Brisbane, na costa nordeste da Austrália, poupada dos incêndios, sofreu enchentes-relâmpago por conta da chuva intensa que caiu na cidade. A notícia saiu no The Independent.

 

ClimaInfo, 20 de janeiro de 2020.

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