Dois dos próximos leilões de eletricidade estão sendo dirigidos para a compra de energia de térmicas fósseis, com destaque para as que queimam carvão, algo que não acontecia há muito tempo.
Segundo a epbr, foram cadastrados 87 projetos (alguns nos dois leilões), totalizando 36 GW no primeiro leilão (A-4) e 43 GW no segundo (A-5). Chamam a atenção os 12 projetos de térmicas a carvão no sul do país em um momento em que se está muito perto de inviabilizar a meta climática de 1,5°C.
O ministério de minas e energia publicou uma portaria especial para estes dois leilões, criando uma classe nova de geração de eletricidade, a de “Produto Disponibilidade Termelétrica”; o termo sugere a seleção de térmicas fósseis aptas a gerar sob demanda.
Ainda sobre o MME, chega ao Rio nesta semana o secretário de Energia dos EUA, Dan Brouillette, para a primeira reunião do Fórum de Energia Brasil-Estados Unidos. No encontro com o ministro almirante Bento Albuquerque, deve ser assinado um acordo de cooperação na tecnologia nuclear. Na Índia, o ministro almirante havia indicado, segundo a epbr, que “o setor de nuclear tem um importante papel a cumprir para a transição energética e seguirá sendo uma prioridade no Brasil.” O almirante também aproveitou o microfone para dizer que “que o futuro é bio, é petróleo, é gás, é nuclear, é vento e solar, é carvão. É diversificação” (Somos obrigados a dizer, senhor ministro, que se este for o futuro, ele será também de aquecimento global, eventos extremos, elevação do nível do mar, lixo radioativo e uma lista longa de riscos trágicos).
Em tempo (para comparação): a Alemanha planeja fechar todas suas térmicas a carvão até 2028. Um dos leilões citados acima é para usinas que comecem a operar em 2024 e, as do outro, em 2025. A vida útil destas usinas é de pelo menos 30 anos.
ClimaInfo, 29 de janeiro de 2020.
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