As chuvas “inundarão” as campanhas municipais de 2020?

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André Trigueiro, comentou com veemência na Globo News o impacto das chuvas que caíram sobre Belo Horizonte neste começo de ano sobre obras desastradas feitas pela prefeitura da cidade ao canalizar córregos que não suportaram o volume de água que caiu. Ele disse que vivemos num país tropical, com abundância de chuvas, que vão se intensificar em certas áreas com as temperaturas mais altas do aquecimento global, que provocam maior evaporação e, assim, tempestades cada vez mais fortes. Trigueiro disse que será importante analisar o entendimento dos candidatos frente aos impactos de um clima cambiante. E não só em BH, claro.

Também motivado pela tragédia representada pelas mais de 50 mortes e milhares de desabrigados pelos escorregamentos generalizados e provocada pelas chuvas em Minas Gerais e Espírito Santo, o engenheiro e especialista em cidades, Celso Santos Carvalho, diz ser preciso lutar pela inversão da prioridade dos investimentos públicos: “Os recursos orçamentários, assim como os recursos humanos, devem ser investidos nos locais que mais precisam e não nos locais que sempre foram privilegiados. É preciso investir na periferia, nos territórios populares, nos locais onde 1 real de orçamento faz mais diferença em termos de melhoria de qualidade de vida, em termos de segurança.” Celso continua, dizendo que, “além de necessária, a inversão de prioridades é urgente. As chuvas deste início de ano em Belo Horizonte (as maiores já registradas na história da cidade) vão ao encontro das previsões de especialistas que dizem que o clima da Terra já está mudando. As chuvas serão mais fortes, as secas mais severas, o calor e o frio mais intensos. E, apesar de atingir a todos, os efeitos serão mais graves nos bairros de urbanização precária.

Precisamos de prefeitos e vereadores que entendam a necessidade de inverter as prioridades e investir nas periferias e bairros populares, como forma de construir uma cidade mais equilibrada, mais segura, que resista melhor às chuvas que chegam todo ano e serão cada vez mais fortes. Um bom lembrete para um ano de eleições municipais.”

E ainda sobre as chuvas em Minas e no Espírito Santo, Camila Bastos, n’O Globo, escreve sobre uma consequência grave e pouco comentada: agitar e fazer fluir a lama da Samarco e da Vale depositada no fundo dos rios Doce e Paraopeba. A força das águas do Paraopeba obrigou os operadores da Usina Retiro Baixo a abrir as comportas e o perigo, agora, é que a lama chegue à represa da usina de Três Marias, no São Francisco. A população das cidades ao longo dos rios, como Governador Valadares, em Minas, e Colatina e Linhares, no Espírito Santo, voltaram a viver o pesadelo da lama contaminada ameaçando entrar em suas casas. “Muitos desses metais da lama de rejeito a gente ainda nem sabe o que pode causar, porque nunca foram estudados. Essas pessoas precisam de acompanhamento médico constante (…) As pessoas não conseguiram se recuperar de um trauma e já vem outro”, diz Carla Jorge Machado, da Faculdade de Medicina de Minas Gerais.

 

ClimaInfo, 03 de fevereiro de 2020.

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