Cenário climático extremo talvez não seja o mais provável

cenário climático extremo

Os cenários mais extremos usados pelos modelos climáticos frequentemente acabam sendo entendidos como os mais prováveis ou aqueles nos quais as economias seguem tendências históricas, sem nenhuma ação para mitigar as emissões.

Zeke Hausfater e Glenn Peters publicaram um comentário na Nature pedindo que se pare com isso, fazendo dos cenários mais realistas a base para políticas climáticas mais realistas e factíveis. Os dois pesquisadores contam a história dos modelos e seus cenários, alertando para o cenário mais agudo, chamado de RCP8.5,  terem recebido mais atenção tanto da mídia quanto de outros pesquisadores e suas publicações.

Hausfather e Peters mostram que o cenário RCP8.5 é cada vez mais improvável. Por exemplo, uma de suas premissas é a de que o consumo de carvão deve quintuplicar até o final do século, sendo que a tendência atual é deste consumo desaparecer até o meio do século. Para os autores, se dificilmente o aquecimento global será limitado a 1,5°C, também não parece provável que chegue a 5°C.

Marcelo Leite, na sua coluna na Folha, comentou o trabalho dizendo que “o ideal, propõem (os autores), é comparar o que tomadores de decisão precisam adotar para cumprir Paris com o risco de não fazer isso. Mesmo com trajetória modificada pela queda contínua da queima de carvão e dos custos de fontes limpas de energia, como eólica e solar, a temperatura média global ainda ultrapassaria 3°C, impondo impactos enormes para a população e a economia. Trata-se de aferir o velocímetro, não de retirar radares de velocidade máxima na estrada que beira o precipício.”

Chelsea Harvey, também comentou o comentário na Scientific American.

 

ClimaInfo, 03 de fevereiro de 2020.

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