Áreas desmatadas da Amazônia são grandes emissoras de carbono

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A vegetação em crescimento numa floresta em pé absorve CO2 da atmosfera fixando o carbono nas plantas e no solo. Ao mesmo tempo, a floresta emite CO2 pela decomposição de plantas mortas. No balanço, uma floresta em pé absorve mais do que emite. Já áreas desmatadas se transformam em emissoras líquidas porque quase todo o carbono nas árvores derrubadas volta para a atmosfera, seja por queimadas, seja por decomposição. O balanço exato é importante para os inventários de emissões nacionais e regionais.

Gabriel Gatehouse, da BBC, fala de um estudo do INPE que quantificou esse balanço. Gatehouse conversou com a pesquisadora-líder, Luciana Gatti: “Observamos que esta área no sudeste [da Floresta Amazônica] é uma importante fonte [de emissão] de carbono. E não importa se é um ano úmido ou um ano seco. 2017-18 foi um ano úmido, mas não fez diferença nenhuma.” Gatti acrescentou que “cada ano é pior”.

Para o professor Carlos Nobre, o estudo preocupa porque mostra que está se acelerando a aproximação ao ponto de virada da floresta, a partir do qual ela começa a se tornar uma savana. “[A Amazônia] costumava ser, nos anos 80 e 90, um forte sumidouro de carbono, talvez extraindo dois bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano da atmosfera. Hoje, essa força é reduzida talvez para 1-1,2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano”.

Nobre complementa dizendo que os cálculos feitos no INPE indicam que “se ultrapassar o limite entre 20-25% de desmatamento e o aquecimento global continuar aumentando sem limite, chegando aos cenários de emissões altas, então teríamos ultrapassado o ponto de virada. Hoje [a floresta já perdeu] cerca de 17%”.

 

ClimaInfo, 13 de fevereiro de 2020.

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